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segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

O Significado da Santa Ceia


Uma das cerimônias mais belas do cristianismo é a da chamada Santa Ceia. É neste momento singular onde cada crente em Cristo reafirma nEle sua certeza da vitória.

Nós, Adventistas, não cremos no que os católicos romanos chamam de "transubstanciação", crença dogmática na qual o pão e o vinho da eucaristia se transformam LITERALMENTE no corpo e no sangue de Cristo, respectivamente. No Nordeste do Brasil existem até algumas "lendas" que envolvem os "santos regionais" de que ocorrerão até ocasiões de pessoas que encheram a boca de sangue ao comungarem da hóstia consagrada. Tudo crendice! 
Cremos, sim, na "consubstanciação", que ensina que o pão (sem fermento) e o vinho (suco puro da uva, não fermentado) se transformam em SÍMBOLOS do corpo e do sangue de Jesus Cristo. Esta crença é muito mais harmonizada com o que as Escrituras ensinam sobre o assunto.
Por ocasião da Santa Ceia, nós temos o privilégio de participar dos "emblemas" sagrados que nos trazem à lembrança o sacrifício expiatório e plenamente eficaz que Jesus realizou na Cruz do Calvário em nosso lugar, pagando o preço pelos nossos vis pecados.
Portanto, a Santa Ceia seria um "mini batismo", no qual reconsagramos nossa vida a Deus, e recebemos dEle o poder para vivermos uma vida de santidade e harmonia com Sua Palavra. É interessante observar que a Santa Ceia é um momento tão especial, que O próprio Jesus Se faz presente:
"É nessas ocasiões [de Santa Ceia], indicadas por Ele mesmo, que Cristo Se encontra com Seu povo, e os revigora por Sua presença. Corações e mãos indignos podem mesmo dirigir a ordenança; todavia Cristo ali Se encontra para ministrar a Seus filhos. Todos quantos ali chegam com a fé baseada nEle, serão grandemente abençoados" (Desejado de Todas as Nações, pág. 656).

Veja que o texto inspirado traz importantes revelações:

1. A Santa Ceia é um momento especial, no qual Jesus Se encontra com Seu povo. Não é aquele encontro "rotineiro" dos cultos, mas um encontro especial, diferente - mais glorioso.
2. Mesmo que aqueles que estiverem dirigindo a cerimônia (pastores ou anciãos) não estejam "santificados", e tenham algum pecado oculto acariciado, mesmo assim Deus abençoa a ocasião, pois Cristo está presente para ministrar PESSOALMENTE.
3. Todos os que vão à Santa Ceia, e participam com o coração agradecido e esperançoso, recebem a bênção de Jesus em suas vidas.

Tenho percebido que alguns têm dúvidas com relação à Santa Ceia, e quero aproveitar aqui para esclarecer algumas delas.

1. Somente membros batizados podem participar da cerimônia?
Nós praticamos a comunhão "aberta", ou seja, todos que entregaram a vida a Cristo podem participar (ver Manual da Igreja, pág. 83). Isso não quer dizer que sejam somente membros batizados da IASD. Veja o que diz Ellen White:
"Podem entrar pessoas que não são, no íntimo, servos da verdade e da santidade, mas que desejem tomar parte no serviço. Não devem ser proibidas. Acham-se ali testemunhas que estavam presentes quando Jesus lavou os pés dos discípulos e de Judas. Olhos mais que humanos contemplam a cena.Por Seu Santo Espírito, Cristo ali está para pôr o selo a Sua ordenança. Está ali para convencer e abrandar o coração. Nem um olhar, nem um pensamento de arrependimento escapa a Sua observação. Pelo coração contrito, quebrantado espera Ele. Tudo está preparado para a recepção daquela alma. Aquele que lavou os pés de Judas, anseia lavar todo coração da mancha do pecado" (DTN, pág. 656).
Mesmo pessoas que não sejam Adventistas, mas que compreendem a importância da ocasião, e entendem e aceitam o significado da morte e ressurreição de Jesus, podem (e devem) participar.

2. Por que alguns Adventistas preferem não participar da Ceia, alegando estarem "indignos" ou "em pecado"?
Infelizmente, sempre aparecem irmãos e irmãs com afirmações deste tipo, nos momentos de Santa Ceia. Quantas vezes eu já não ouvi alguém dizer: "Pastor, eu não vou participar, pois não estou digno"! Quero dizer-lhes que isto é o resultado de uma mente que ainda não entendeu a justificação pela fé, e muito menos o que significa a Ceia do Senhor para o cristão da Nova Aliança. Quero apresentar mais um texto do Espírito de Profecia:
"(...) Aquele que lavou os pés de Judas, anseia lavar todo coração da mancha do pecado. Ninguém deve se excluir da comunhão por estar presente, talvez, alguém que seja indigno. Todo discípulo é chamado a participar publicamente, e dar assim testemunho de que aceita a Cristo como seu Salvador pessoal. (...) Todos quantos ali chegam com a fé baseada nEle, serão grandemente abençoados. Todos quantos negligenciam esses períodos de divino privilégio, sofrerão prejuízo" (DTN, pág. 656).

Percebe o que o texto está dizendo? Jesus lavou até os pés do próprio Judas, e depois entregou em suas traidoras mãos os emblemas do Seu corpo e do Seu sangue. 
Ora, se Jesus, o onisciente Deus, não proibiu nem mesmo àquele que O haveria de trair, de participar da Santa Ceia, por que eu ou você devemos achar que não somos dignos de participar?! É claro que somos! Não importam as circunstâncias pecaminosas do momento! Jesus está ali para nos dar Seu perdão e Seu poder transformador. Crês isto?!

3. Quem não participa da comunhão pode tomar parte na cerimônia?
Esta é uma pergunta interessante. Freqüentemente vejo pessoas que participam da cerimônia da Ceia cantando, por exemplo, mas que não participam da comunhão, ou seja, não tomam parte no pão e no vinho. Considero isso uma falta de coerência, pois a pessoa não se acha digna (a não ser que o motivo seja outro) de participar do pão e do vinho, mas está apta a cantar durante a programação? Isso é incoerência teológica pura! Se não participou do pão e do vinho também não deveria cantar ou tomar parte de outra forma, ficando apenas na audiência da programação (o que é uma grande perda para sua vida espiritual, segundo o que já vimos nos textos supracitados).
Provavelmente, o problema está exatamente naquilo que falei anteriormente, pois alguns não entendem ainda o que significa ser "justificado pela fé em Cristo", e sua condição de pecador "salvo no Senhor".

4. Que "tipo" de suco de uva e de pão devem ser usados?
Em certa ocasião, no meu período de colportagem estudantil, me deparei com uma situação inusitada. Eu estava dando uma palestra em uma igreja evangélica pentecostal na cidade de Natal/RN, e após o encerramento do culto o presbítero começou a "puxar" conversa, e em dado momento ele afirmou que havia realizado recentemente uma Ceia em uma cidade do interior, e por falta de opção precisou usar pão francês e "Fanta Uva" como símbolos da cerimônia.
Fatos como estes descaracterizam totalmente o significado da Ceia, pois o pão não pode conter qualquer presença de fermento ou aditivos químicos, e o vinho também deve ser o mais puro suco de uva, sem qualquer adição de conservantes, água, açúcar, ou coisa parecida. Afinal, não são eles os "símbolos" do corpo e do sangue imaculado do Senhor Jesus Cristo?!

5. O que acontece com o pão e o suco que sobram após a cerimônia?
A parte que não foi "consagrada", ou seja, que não recebeu a bênção proferida pelo ministrante da Ceia (Pastor ou Ancião) pode ser aproveitada sem problemas (o vinho que ficou na garrafa, por exemplo).
Mas o pão e o vinho que sobraram na Mesa, após a distribuição aos participantes, devem ser eliminados (enterra-se o pão e derrama-se o vinho na terra), pois não podem servir de "lanche" ou "comida". 
Era exatamente esta a acusação que Paulo fazia contra os Coríntios, onde alguns estavam indo para as Ceias apenas para se alimentarem de suco de uva e pão - era a bebedice e glutonaria que ele tanto condenou (cf. 1Cor. 11:21-22).

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Caros amigos, não deixem que o sentimento de derrota pelo pecado tire de vocês a alegria de participarem de uma Santa Ceia. Tenho plena certeza que não há um motivo sequer que possa impedir de um pecador arrependido tomar parte da comunhão,

Se você estiver se sentindo indigno de participar, então você deve ser o primeiro a participar, pois é lá que Jesus vai restaurar sua vida, e te conceder o almejado perdão.

"Mas o momento da comunhão não deve ser um período de tristeza. Não é esse o seu desígnio. Ao reunirem-se os discípulos do Senhor em torno de Sua mesa, não devem lembrar e lamentar suas deficiências. Não se devem demorar em sua passada vida religiosa, seja ela de molde a elevar ou a deprimir. Não tragam à memória as diferenças existentes entre si e seus irmãos. A cerimônia preparatória [o lava-pés] abrangeu tudo isso. O exame próprio, a confissão do pecado, a reconciliação dos desentendimentos, tudo já foi feito. Agora, chegam para se encontrar com Cristo. Não devem permanecer à sombra da cruz, mas à sua luz salvadora. Abram a alma aos brilhantes raios do Sol da Justiça. Corações limpos pelo preciosíssimo sangue de Cristo, na plena consciência de Sua presença, se bem que invisível, devem-Lhe ouvir as palavras: 'Deixo-vos a paz, a Minha paz vos dou: não vo-la dou como o mundo a dá' - João 14:27" (DTN, pág. 659).

Louvado seja o nosso maravilhoso Deus, que na Ceia nos dá uma 2ª chance de vitória!
Fonte: Prof. Gilson Medeiros

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