MUDAMOS O MUNDO COM UMA
ATITUDE
REAL DE
CARINHO E
AMOR
Acreditamos no Pai, Filho e Espírito Santo. Acreditamos na Palavra de Deus como regra de fé.
Acreditamos na salvação unicamente pela fé. Acreditamos que devemos guardar os mandamentos.
Acreditamos que devemos cuidar da saúde. Acreditamos que devemos cuidar da natureza.
Acreditamos que Jesus voltará.
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domingo, 26 de fevereiro de 2017
3.12. Vida de Jesus - A Paixão de Cristo - A Eterna Felicidade
O dia da vinda de Cristo será um dia de redenção não apenas para o povo de Deus, mas para todo o planeta, além de ser o dia em que o mal será completamente destruído. {VJ 141.1}
Deus criou a Terra para ser a morada do homem. Adão viveu em um jardim magnífico que o Próprio Criador embelezara. E embora o pecado tenha manchado a obra de Deus, a raça humana não foi abandonada por seu Criador, nem Seu propósito em relação à Terra foi deixado de lado. {VJ 141.2}
Anjos foram enviados ao nosso planeta para dar a mensagem de salvação e os vales e colinas ecoaram suas canções de alegria. Os pés do Filho de Deus tocaram o seu solo e por mais de seis mil anos, em toda a sua beleza e nas suas reservas para o nosso sustento, a Terra tem testemunhado o amor do Criador. {VJ 141.3}
Essa mesma Terra, livre da maldição do pecado, será a morada eterna dos salvos. A Bíblia diz a respeito dela: Deus “não a criou para ser um caos, mas para ser habitada”. Isaías 45:18. E “tudo quanto Deus faz durará eternamente”. Eclesiastes 3:14. {VJ 141.4}
Por isso, no Sermão da Montanha o Salvador declarou: “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a Terra.” Mateus 5:5. {VJ 142.1}
O salmista já havia escrito muito tempo atrás: “Mas os mansos herdarão a Terra e se deleitarão na abundância de paz.” Salmos 37:11. {VJ 142.2}
Com essa declaração concordam também outros testemunhos das Escrituras: “Os justos herdarão a Terra e nela habitarão para sempre.” Salmos 37:29. {VJ 142.3}
Fogo purificador
O fogo do último dia há de destruir “os céus que agora existem e a Terra”, mas do seu caos devem surgir novo céu e uma nova Terra, conforme “a Sua promessa”. 2 Pedro 3:7, 13. O céu e a Terra serão renovados. {VJ 142.4}
“Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que O amam.” 1 Coríntios 2:9. Nenhuma linguagem humana pode descrever plenamente a recompensa dos justos. Apenas os que desfrutarem dela, poderão compreendê-la. Não podemos conceber a glória do paraíso de Deus. {VJ 142.5}
Contudo, temos alguns vislumbres do mundo futuro revelados a nós pelo Espírito Santo. 1 Coríntios 2:10. Os quadros que a Escritura Sagrada nos apresenta a respeito da nova Terra são preciosos ao nosso coração. {VJ 142.6}
Ali o Pastor divino conduz o Seu rebanho às fontes de águas vivas. A árvore da vida dá o seu fruto a cada mês e suas folhas são para a saúde das nações. Ali as correntes de água são claras como o cristal e nunca secam. Às suas margens, árvores frondosas lançam sombra sobre o caminho dos salvos. As planícies se estendem, se elevando em colinas verdejantes e em montanhas majestosas que apontam para o céu. Nesses campos tranqüilos, ao lado das correntes vivas, o povo de Deus, peregrinos e estrangeiros na Terra por tanto tempo, finalmente encontram ali o seu lar. {VJ 142.7}
“O Meu povo habitará em moradas de paz, em moradas bem seguras e em lugares quietos e tranqüilos.” Isaías 32:18. “Nunca mais se ouvirá de violência na tua Terra, de desolação ou ruínas, nos teus limites; mas aos teus muros chamarás Salvação, e às tuas portas, Louvor.” Isaías 60:18. {VJ 144.1}
“Eles edificarão casas e nelas habitarão; plantarão vinhas e comerão o seu fruto. Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam.” Isaías 65:21, 22. {VJ 144.2}
“O deserto e a terra se alegrarão; o ermo exultará e florescerá como o narciso.” Isaías 35:1. “Em lugar do espinheiro, crescerá o cipreste, e em lugar da sarça crescerá a murta.” Isaías 55:13. {VJ 144.3}
“O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito; o bezerro, o leão novo e o animal cevado andarão juntos, e um pequenino os guiará. Não se fará mal nem dano algum em todo o Meu santo monte”, diz o Senhor. Isaías 11:6, 9. {VJ 144.4}
Lá não haverá mais lágrimas, nem cortejos fúnebres, nem sinais de luto. “E a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.” Apocalipse 21:4. “Nenhum morador de Jerusalém dirá: Estou doente; porque ao povo que habita nela, perdoar-se-lhe-á a sua iniqüidade.” Isaías 33:24. {VJ 144.5}
Ali está a Nova Jerusalém, a capital da Terra renovada, “uma coroa de glória na mão do Senhor, um diadema real na mão do teu Deus.” Isaías 62:3. A sua luz é “semelhante a uma pedra preciosíssima, como pedra de jaspe cristalina. As nações andarão mediante a sua luz, e os reis da Terra lhe trazem a sua glória.” Apocalipse 21:11, 24. {VJ 144.6}
O Senhor diz: “E exultarei por causa de Jerusalém e Me alegrarei no Meu povo, e nunca mais se ouvirá nela nem voz de choro nem de clamor.” Isaías 65:19. “Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles.” Apocalipse 21:3. {VJ 144.7}
Na Nova Terra só habitará justiça. “Nela, nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira.” Apocalipse 21:27. A santa lei de Deus será honrada por todos. Aqueles que deram provas de sua fidelidade a Deus, guardando os seus preceitos, habitarão com Ele. {VJ 144.8}
“E não se achou mentira na sua boca.” Apocalipse 14:5. “São estes os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro, razão por que se acham no trono de Deus e O servem de dia e de noite no Seu santuário.” Apocalipse 7:14, 15. {VJ 144.9}
“Os preceitos do Senhor são retos. ...Em os guardar há grande recompensa.” Salmos 19:8, 11. {VJ 144.10}
“Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas.” Apocalipse 22:14. {VJ 144.11}
3.11 Vida de Jesus - A Paixão de Cristo - O Juízo Final
O dia da vinda de Cristo será um dia de juízo para o mundo. As Escrituras declaram: “Eis que veio o Senhor entre Suas santas miríades, para exercer juízo contra todos. Judas 14, 15. {VJ 137.1}
“E todas as nações serão reunidas em Sua presença, e Ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas.” Mateus 25:32. {VJ 137.2}
Antes, porém, de vir aquele dia, Deus adverte os homens quanto ao que há de suceder. Em todos os tempos, Suas advertências têm sido dadas. Alguns acreditaram na Palavra de Deus e obedeceram às suas orientações, se livrando, assim, dos juízos que caíram sobre os incrédulos e desobedientes. {VJ 137.3}
Antes de destruir o mundo pelo dilúvio, Deus ordenou a Noé: “Entra na arca, tu e toda a tua casa, porque reconheço que tens sido justo diante de Mim no meio desta geração.” Gênesis 7:1. Noé obedeceu e foi salvo. Antes da destruição de Sodoma, os anjos trouxeram a Ló a seguinte mensagem: “Levantai-vos, saí deste lugar, porque o Senhor há de destruir a cidade.” Gênesis 19:14. Ló atendeu à advertência e foi salvo. {VJ 137.4}
Assim, também, agora somos advertidos a respeito da segunda vinda de Cristo e da destruição que sobrevirá ao mundo e todos os que derem ouvidos às advertências serão salvos. Quando Cristo vier nas nuvens do céu, os justos hão de exclamar: “Eis que Este é o nosso Deus, em quem esperávamos, e Ele nos salvará.” Isaías 25:9. {VJ 138.1}
Como não sabemos o tempo exato de Sua vinda, somos exortados a vigiar: “Bem-aventurados aqueles servos a quem o Senhor, quando vier, os encontre vigilantes.” Lucas 12:37. {VJ 138.2}
Aguardar trabalhando
Enquanto vigiamos aguardando a vinda de Jesus, não devemos ficar na ociosidade. A expectativa do retorno de Cristo leva as pessoas a temerem os juízos sobre as transgressões. Deve despertá-las para o arrependimento de seus pecados resultados da violação dos mandamentos de Deus. {VJ 138.3}
Enquanto vigiamos, aguardando a vinda do Senhor, devemos trabalhar diligentemente. Saber que Ele está às portas, deve nos levar a trabalhar com mais dedicação pela salvação de nossos semelhantes. Assim como Noé anunciou a mensagem da destruição do mundo antes do dilúvio, todos os que compreendem a Palavra de Deus, devem advertir as pessoas de seu tempo. {VJ 138.4}
“Assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do Homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do Homem.” Mateus 24:37-39. {VJ 138.5}
O povo dos dias de Noé abusava dos dons de Deus. O excesso na comida e na bebida degeneraram em glutonaria e bebedice. {VJ 138.6}
Esquecendo-se de Deus, se entregaram a atos abomináveis e vis. {VJ 138.7}
“Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na Terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração.” Gênesis 6:5. O povo daquele tempo foi destruído por causa da sua impiedade. {VJ 138.8}
Nos dias atuais, os homens estão praticando as mesmas coisas. Glutonaria, intemperança, paixões irrefreadas e toda sorte de práticas abomináveis enchem a Terra. Nos dias de Noé, o mundo foi destruído pela água e agora, a Palavra de Deus ensina que será pelo fogo. {VJ 138.9}
Mas os homens “deliberadamente, esquecem que, de longo tempo, houve céus bem como Terra, a qual surgiu da água e através da água pela Palavra de Deus, pela qual veio a perecer o mundo daquele tempo, afogado em água. Ora, os céus que agora existem e a Terra, pela mesma Palavra, têm sido entesourados para fogo, estando reservados para o dia do juízo e destruição dos homens ímpios”. 2 Pedro 3:5-7. {VJ 138.10}
Os antediluvianos zombavam das advertências de Deus. Chamaram Noé de fanático e alarmista. Homens importantes e cultos afirmavam que um dilúvio como estava sendo anunciado jamais fora visto e nunca poderia ocorrer. {VJ 139.1}
Hoje, pouca importância se dá à Palavra de Deus. Os homens escarnecem de suas advertências. Multidões dizem: “Onde está a promessa da Sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação.” 2 Pedro 3:4. Mas a destruição é iminente. Enquanto os homens zombam: “Onde está a promessa da Sua vinda?” os sinais estão se cumprindo. “Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição; ... e de nenhum modo escaparão.” 1 Tessalonicenses 5:3. {VJ 139.2}
Preocupação com coisas temporais
Cristo disse: “Se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti.” Apocalipse 3:3. Nos dias atuais, as pessoas se ocupam apenas em comer, beber, plantar, construir, se casar e se dar em casamento. Os empresários continuam comprando e vendendo e os ambiciosos disputam posições de honra. Os amantes dos prazeres lotam teatros, estádios, cassinos e outros divertimentos. Em todo lugar, prevalece a diversão; contudo, o tempo da angústia se aproxima rapidamente e a porta da graça há de se fechar para sempre. {VJ 139.3}
Foi para o nosso tempo que o Salvador disse estas palavras de advertência: {VJ 139.4}
“Acautelai-vos por vós mesmos, para que nunca vos suceda que o vosso coração fique sobrecarregado com as conseqüências da orgia, da embriaguez e das preocupações deste mundo, e para que aquele dia não venha sobre vós repentinamente, como um laço.” Lucas 21:34. {VJ 139.5}
“Vigiai, pois, a todo tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que têm de suceder e estar em pé na presença do Filho do Homem.” Lucas 21:36. {VJ 139.6}
3.10. Vida de Jesus - A Paixão de Cristo - Quando Cristo Voltará?
Nosso Salvador virá outra vez. Antes de partir, Ele mesmo anunciou aos discípulos a promessa de Seu retorno: “Não se turbe o vosso coração. ... Na casa de Meu Pai há muitas moradas. ... Vou preparar-vos lugar. E, quando Eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para Mim mesmo, para que, onde Eu estou, estejais vós também.” João 14:1-3. {VJ 131.1}
Ele não deixou dúvida quanto à maneira de Seu retorno: “Quando vier o Filho do Homem na Sua majestade e todos os anjos com Ele, então, Se assentará no trono da Sua glória; e todas as nações serão reunidas em Sua presença.” Mateus 25:31, 32. {VJ 131.2}
Cuidadosamente Cristo os advertiu contra os enganos: “Portanto, se vos disserem: Eis que Ele está no deserto!, não saiais. Ou: Ei-lo no interior da casa!, não acrediteis. Porque, assim como o relâmpago sai do Oriente e se mostra até no Ocidente, assim há de ser a vinda do Filho do Homem.” Mateus 24:26, 27. {VJ 131.3}
Essa advertência é para nós. Hoje, falsos mestres estão dizendo: “Eis que Ele está no deserto!”, e milhares têm saído ao deserto na esperança de encontrar Jesus ali. {VJ 133.1}
Outros milhares que afirmam manter contato com os espíritos dos mortos, declaram que Ele está “no interior da casa”. Mateus 24:26. Essa é a afirmação feita pelo espiritismo. {VJ 133.2}
Cristo, porém, disse: “Não acrediteis. Porque, assim como o relâmpago sai do Oriente e se mostra até no Ocidente, assim há de ser a vinda do Filho do Homem.” Mateus 24:26, 27. {VJ 133.3}
Por ocasião de Sua ascensão, os anjos explicaram aos discípulos como Jesus viria outra vez: “assim virá do modo como O vistes subir.” Atos dos Apóstolos 1:11. Ele subiu ao Céu corporalmente e eles O viram quando Se separou deles e foi envolvido por uma nuvem. Ele voltará sobre uma grande nuvem branca e “todo olho O verá”. Apocalipse 1:7. {VJ 133.4}
Sinais do fim
O dia e a hora exatos de Sua vinda não foram revelados. Cristo disse aos discípulos que Ele Mesmo não sabia o dia ou a hora de Seu retorno; mas, mencionou certos eventos através dos quais poderiam saber quando Sua vinda estaria próxima. {VJ 133.5}
“Haverá sinais”, disse Ele, “no Sol, na Lua e nas estrelas.” Lucas 21:25. E explicou com maior clareza ainda: “O Sol escurecerá, a Lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento.” Mateus 24:29. {VJ 133.6}
“Sobre a Terra”, disse Jesus, haverá “angústia entre as nações em perplexidade por causa do bramido do mar e das ondas; haverá homens que desmaiarão de terror e pela expectativa das coisas que sobrevirão ao mundo.” Lucas 21:25, 26. {VJ 133.7}
“E verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória. E Ele enviará os Seus anjos, com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os Seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus.” Mateus 24:30, 31. {VJ 133.8}
O Salvador acrescentou ainda: “Aprendei, pois, a parábola da figueira: quando já os seus ramos se renovam e as folhas brotam, sabeis que está próximo o verão. Assim também vós: quando virdes todas estas coisas, sabei que está próximo, às portas.” Mateus 24:32, 33. {VJ 133.9}
Cristo descreveu os sinais de Sua vinda. Disse que poderíamos saber quando Seu retorno estivesse às portas. Quando as folhas das árvores brotam na primavera, sabemos que o verão está próximo. Do mesmo modo, ao se cumprirem os sinais no Sol, na Lua e nas estrelas, podemos nos certificar de que a vinda de Cristo se aproxima. {VJ 133.10}
Esses sinais já se cumpriram. Em 19 de Maio de 1780 o Sol escureceu. Esse dia ficou conhecido na História como “o dia escuro”. Na região Leste dos Estados Unidos, tão densas eram as trevas que as lamparinas foram acesas ao meio-dia e até depois da meia-noite, a Lua embora fosse cheia, se negou a iluminar. Muitos acreditaram que o dia do juízo havia chegado. Nenhuma razão satisfatória pôde explicar a escuridão sobrenatural, exceto a que foi encontrada nas palavras de Cristo. O escurecimento do Sol e da Lua foi um sinal de Sua vinda. {VJ 133.11}
Em 13 de Novembro de 1833, ocorreu uma deslumbrante queda de estrelas jamais contemplada pelo homem. Outra vez, as pessoas se convenceram de que era chegado o dia do juízo. {VJ 133.12}
Desde então, terremotos, furacões, maremotos, pestes, fomes, destruições por fogo ou por inundações têm-se multiplicado. Além disso, angústia e perplexidade entre as nações apontam para o iminente retorno do Senhor Jesus. {VJ 133.13}
Aos que haveriam de contemplar esses sinais, o Salvador disse: “Não passará esta geração sem que tudo isto aconteça. Passará o Céu e a Terra, porém as Minhas palavras não passarão.” Mateus 24:34, 35. {VJ 133.14}
“Porquanto o Senhor mesmo, dada a Sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos Céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles. entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares e, assim, estaremos para sempre com o Senhor. Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras.” 1 Tessalonicenses 4:16-18. {VJ 134.1}
A família de Deus finalmente reunida
Cristo vem, com poder e grande glória nas nuvens do céu. Uma multidão de anjos resplandecentes virá com Ele. Ele virá para ressuscitar os mortos e transformar os santos vivos de glória em glória. Virá para honrar e levar consigo os que O amam e guardam os Seus mandamentos. Não Se esqueceu deles, nem de Sua promessa. {VJ 134.2}
Virá para reunir as famílias que foram separadas pela morte. Quando nos lembramos dos nossos queridos que a morte arrebatou, pensamos com ansiedade na manhã da ressurreição quando a trombeta de Deus soará e “os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.” 1 Coríntios 15:52. {VJ 134.3}
Esse tempo está próximo. Um pouco mais e então veremos o Rei em Sua formosura. Ainda um pouco e Ele enxugará dos olhos toda lágrima. Mais um pouco, e Ele nos apresentará “com exultação, imaculados diante da Sua glória”. Judas 24. {VJ 134.4}
Por isso, quando Jesus descreveu os sinais de Seu retorno, disse: “Ora, ao começarem estas coisas a suceder, exultai e erguei a vossa cabeça; porque a vossa redenção se aproxima.” Lucas 21:28. {VJ 134.5}
3.9. Vida de Jesus - A Paixão de Cristo - A Ascenção Triunfal
A obra terrestre de Jesus estava concluída. Havia chegado o tempo de regressar ao lar celestial. Ele vencera e devia agora tomar Seu lugar ao lado do Pai no trono de luz e glória. {VJ 127.1}
Jesus escolheu o Monte das Oliveiras como o lugar de Sua ascensão. Acompanhado dos onze, dirigiu-Se ao Monte. Os discípulos, porém, não sabiam que esse seria o último contato com o Mestre. Durante o trajeto, Jesus lhes deu as últimas orientações e, pouco antes de partir, deixou a preciosa promessa a cada um de Seus seguidores: {VJ 127.2}
“Eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” Mateus 28:20. {VJ 127.3}
Atravessaram o monte para o lado dos arredores de Betânia. Ali pararam e os discípulos se juntaram ao redor do Mestre. Raios de luz pareciam emanar de Seu rosto quando os contemplou com amor. As últimas palavras do Salvador foram repletas do mais profundo sentimento de ternura. {VJ 127.4}
Com as mãos estendidas para abençoar, lentamente começou a subir. Os discípulos maravilhados, esforçavam a visão para não perder a imagem que desaparecia nas alturas. Uma nuvem de glória O arrebatou da vista de todos. Ao mesmo tempo, a mais bela e harmoniosa melodia cantada pelo coro angelical encheu o ar. Eles se voltaram e viram dois mensageiros celestes que lhes disseram: {VJ 128.1}
“Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao Céu virá do modo como O vistes subir.” Atos dos Apóstolos 1:11. {VJ 128.2}
Esses anjos pertenciam ao exército que tinha vindo para acompanhar o Salvador ao lar celestial. Demonstrando amor e simpatia pelos que ficavam, eles permaneceram ali mais um pouco para os assegurar de que a separação não duraria para sempre. {VJ 128.3}
Um amigo nos céus
Quando os discípulos retornaram a Jerusalém, as pessoas os olhavam com surpresa. Depois do julgamento e crucifixão de seu Mestre, pensavam que eles ficariam deprimidos e envergonhados. Seus inimigos esperavam ver em seu rosto uma expressão de tristeza e derrota. Ao invés disso, havia apenas alegria e triunfo. Em suas faces transparecia uma felicidade sobrenatural. Não lamentavam suas esperanças frustradas, mas se sentiam cheios de louvor e gratidão a Deus. {VJ 128.4}
Com júbilo, contaram a maravilhosa história da ressurreição de Cristo e de Sua ascensão ao Céu e muitos receberam esse testemunho. Os discípulos não precisavam mais duvidar do futuro, pois sabiam que o Salvador estava no Céu e que Seus cuidados os acompanhariam. Sabiam que Ele estava apresentando diante de Deus os méritos do Seu sangue, mostrando ao Pai Suas mãos e pés traspassados, como uma evidência do preço pago pelos Seus remidos. {VJ 128.5}
Sabiam que Ele voltaria outra vez, com todos os santos anjos, e aguardavam ansiosamente esse evento com grande alegria e saudosa antecipação. {VJ 128.6}
Chegada triunfal do rei da glória
Quando Jesus desapareceu da vista dos discípulos no Monte das Oliveiras, Ele foi recebido por um exército de anjos que veio para acompanhá-Lo com cânticos de alegria e triunfo. {VJ 128.7}
Nos portais da cidade de Deus, anjos incontáveis aguardavam Sua chegada. Ao Cristo Se aproximar dos portões, os anjos que O acompanhavam, em tons de triunfo, se dirigem aos que se encontram nos portais: {VJ 128.8}
“Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória.” {VJ 129.1}
Os anjos que esperam nas portas perguntam: {VJ 129.2}
“Quem é o Rei da Glória?” {VJ 129.3}
Eles fazem essa pergunta, não porque não sabem quem Ele é, mas porque desejam ouvir a resposta em exaltação e louvor: {VJ 129.4}
“O Senhor, forte e poderoso, O Senhor, poderoso nas batalhas. Levantai, ó portas, as vossas cabeças; Levantai-vos, ó portais eternos, Para que entre o Rei da Glória.” {VJ 129.5}
Novamente, os anjos que aguardam perguntam: {VJ 129.6}
“Quem é esse Rei da Glória?” {VJ 129.7}
E a escolta de anjos responde em acordes melodiosos: {VJ 129.8}
“O Senhor dos Exércitos, Ele é o Rei da Glória.” Salmos 24:7-10. {VJ 129.9}
Então os portais se abrem completamente e a multidão de anjos entra na cidade de Deus em majestosa marcha. A mais enlevada música irrompe em belas e melodiosas antífonas de louvor. Toda a hoste angelical aguarda para honrar seu Comandante. Esperam que Ele tome o Seu lugar no trono do Pai. {VJ 129.10}
Mas Jesus ainda não pode receber o diadema de glória e as vestes reais, pois precisa apresentar diante do Pai um pedido em relação aos Seus escolhidos na Terra. Não pode aceitar as honrarias até que, diante do Universo celestial, Sua igreja seja justificada e aceita. {VJ 129.11}
Pede para que onde Ele esteja, Seu povo possa estar. Se Ele for honrado, eles devem partilhar a honra com Ele. Os que sofrem com Ele na Terra, devem reinar com Ele em Seu reino. {VJ 129.12}
Por esse propósito, Cristo intercede por Sua igreja. Identifica Seus interesses com os do Seu povo e com amor e constância mais fortes do que a morte, advoga os direitos e títulos comprados com Seu sangue. {VJ 129.13}
A resposta do Pai a esse apelo segue adiante na proclamação: “E todos os anjos de Deus O adorem.” Hebreus 1:6. Com grande júbilo, os líderes das hostes celestiais adoram o Redentor. Os incontáveis exércitos de anjos se prostram diante dEle, e as cortes do Céu ecoam e tornam a ecoar com um brado de alegria: {VJ 129.14}
“Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor.” Apocalipse 5:12. {VJ 129.15}
Os seguidores de Cristo são aceitos no Filho Amado. Na presença dos anjos celestiais, o Pai ratificou o concerto feito com Cristo de que Ele receberá pessoas arrependidas e obedientes e as amará como ama Seu Filho. Onde o Redentor estiver, os remidos hão de estar. {VJ 129.16}
O Filho de Deus triunfou sobre o príncipe das trevas e venceu a morte e o pecado. O Céu vibra com as vozes harmoniosas que proclamam: {VJ 129.17}
“Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos.” Apocalipse 5:13. {VJ 129.18}
3.8. Vida de Jesus - A Paixão de Cristo - “Paz seja convosco!”
No final da tarde daquele mesmo dia da ressurreição, dois discípulos de Jesus seguiam pela estrada de Emaús, pequeno povoado cerca de doze quilômetros de Jerusalém. {VJ 123.1}
Iam perplexos por causa dos últimos acontecimentos e, principalmente, pelas notícias trazidas pelas mulheres que tinham visto os anjos e Jesus após a ressurreição. {VJ 123.2}
Voltavam para casa a fim de meditar e orar, na esperança de obter alguma luz em relação àquelas questões que lhes pareciam tão obscuras. {VJ 123.3}
À medida que avançavam no caminho, um Estranho Se aproximou e Se uniu a eles na caminhada; porém, iam tão absortos na conversa que mal notaram Sua presença. Jesus estavam ali para confortá-los. {VJ 123.4}
Disfarçado de estrangeiro começou a conversar com eles. “Os seus olhos, porém, estavam como que impedidos de O reconhecer. Então, lhes perguntou Jesus: Que é isso que vos preocupa e de que ides tratando à medida que caminhais? E eles pararam entristecidos. Um, porém, chamado Cleopas, respondeu, dizendo: És o único, porventura, que, tendo estado em Jerusalém, ignoras as ocorrências destes últimos dias? Ele lhes perguntou: Quais? E explicaram: O que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que era varão profeta, poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo.” Lucas 24:16-19. {VJ 124.1}
Então Lhe contaram o que havia acontecido e repetiram o relato trazido pelas mulheres que haviam estado no túmulo naquela mesma manhã. Disse-lhes então Jesus: {VJ 124.2}
“Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na Sua glória? E, começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a Seu respeito constava em todas as Escrituras.” Lucas 24:25-27. {VJ 124.3}
Os discípulos silenciaram de espanto e alegria. Não se aventuravam a perguntar ao estranho quem era Ele. Ouviam ansiosos enquanto Ele lhes explicava a missão de Cristo. {VJ 124.4}
Base segura para a fé
Se o Salvador tivesse revelado Sua identidade aos discípulos, eles teriam ficado satisfeitos. Na plenitude de sua alegria, nada mais teriam desejado. Mas era necessário que eles compreendessem como Sua missão havia sido predita por todos os símbolos e profecias do Antigo Testamento. Deveriam construir a sua fé sobre esses marcos. Cristo não operou nenhum milagre para convencê-los, mas Seu primeiro trabalho foi explicar-lhes as Escrituras. Eles haviam considerado Sua morte como a destruição de todas as suas esperanças. Agora, Cristo lhes mostrava, partindo dos profetas, que isso era a mais forte evidência para sua fé. {VJ 124.5}
Ao ensinar os discípulos, Cristo lhes mostrou a importância do Antigo Testamento como testemunho de Sua missão. Muitos hoje rejeitam o Antigo Testamento afirmando que ele não é mais necessário; mas esse não é o ensino de Cristo. Deu às Escrituras tanto valor que certa vez declarou: {VJ 124.6}
“Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.” Lucas 16:31. {VJ 124.7}
Ao pôr-do-sol, os discípulos chegaram a sua casa e Jesus “fez menção de passar adiante”. Os discípulos, porém, não consentiram em se separar dAquele que lhes havia trazido tanta alegria e esperança. Então disseram: {VJ 124.8}
“Fica conosco, porque é tarde e o dia já declina. E entrou para ficar com eles.” Lucas 24:29. {VJ 124.9}
Reconhecendo o Salvador
Uma refeição simples foi então preparada e Cristo Se assentou à cabeceira da mesa, conforme era Seu costume. Geralmente cabia ao chefe da família pedir a bênção sobre o alimento; Jesus, porém, pondo as mãos sobre o pão o abençoou. Naquele momento, os olhos dos discípulos se abriram. {VJ 124.10}
O jeito de pedir a bênção, o tom de voz tão familiar, as marcas dos pregos nas mãos, tudo denunciava tratar-se de Seu amado Mestre. {VJ 125.1}
Por um momento, não puderam pronunciar nenhuma palavra; depois, se levantaram para se lançar aos pés de Jesus e adorá-Lo; no entanto, Ele desapareceu de repente. {VJ 125.2}
Em sua alegria, esqueceram a fome e o cansaço. Não tocaram na comida e voltaram apressadamente a Jerusalém com a mensagem preciosa do Salvador ressuscitado. {VJ 125.3}
Estavam ainda contando as grandes novas aos seus companheiros, quando o próprio Jesus Se apresentou entre eles e levantando as mãos para abençoá-los, disse: {VJ 125.4}
“Paz seja convosco!” Lucas 24:36. {VJ 125.5}
No princípio, sentiram medo; mas quando Ele lhes mostrou as mãos e os pés traspassados e comeu diante deles, creram e foram consolados. Fé e alegria, então, substituíram a incredulidade, e com sentimentos que as palavras não podem traduzir, reconheceram o Salvador ressuscitado. {VJ 125.6}
Tomé não estivera presente naquele encontro e se recusava a crer no que diziam a respeito da ressurreição. Oito dias depois, Jesus tornou a aparecer aos discípulos e Tomé estava presente. {VJ 125.7}
Mostrando-lhe os sinais de Sua crucifixão nas mãos e nos pés, o discípulo se convenceu depressa e exclamou: “Senhor meu e Deus meu!” João 20:28. {VJ 125.8}
A missão
Naquela sala situada no andar superior, Cristo explicou outra vez as Escrituras em relação a Si mesmo. Então disse aos discípulos que o arrependimento e o perdão dos pecados deveriam ser proclamados em Seu nome entre todas as nações, começando em Jerusalém. {VJ 125.9}
Antes de subir ao Céu, Ele lhes disse: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis Minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da Terra.” Atos dos Apóstolos 1:8. “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” Mateus 28:20. {VJ 125.10}
Sois testemunhas da Minha vida e do Meu sacrifício em favor do mundo, Cristo disse. Todo o que vier a Mim, confessando seus pecados, Eu o receberei. Todo o que quiser, pode se reconciliar com Deus e ter a vida eterna. {VJ 125.11}
A vós, Meus discípulos, entrego esta mensagem de graça e misericórdia para ser dada a todas as nações, línguas e povos. Ide aos lugares mais distantes da Terra e sabei que Minha presença irá convosco. {VJ 125.12}
Essa ordem de Jesus, dada aos discípulos, inclui todos os crentes até à consumação dos séculos. {VJ 125.13}
Nem todos podem pregar nas igrejas, mas todos podem ajudar as pessoas individualmente. Os que servem os sofredores, os que ajudam os necessitados, os que confortam os abatidos e que contam aos pecadores a respeito do amor perdoador de Cristo, são Suas testemunhas. {VJ 125.14}
3.7. Vida de Jesus - A Paixão de Cristo - “Não temais”
Lucas, em seu relato a respeito do sepultamento do Salvador, fala sobre algumas mulheres que O acompanharam em Sua crucifixão: {VJ 119.1}
“Então, se retiraram para preparar aromas e bálsamos. E, no sábado, descansaram, segundo o mandamento.” Lucas 23:56. {VJ 119.2}
O Salvador foi enterrado em uma sexta-feira, o sexto dia da semana. As mulheres prepararam os ungüentos e as especiarias para embalsamar seu Senhor e os deixaram de lado até que o sábado tivesse passado. Nem mesmo o trabalho de embalsamar o corpo de Jesus quiseram fazer no sábado. {VJ 119.3}
“Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem embalsamá-Lo. E, muito cedo, no primeiro dia da semana, ao despontar do Sol, foram ao túmulo.” Marcos 16:1, 2. {VJ 119.4}
Quando se aproximaram do jardim, surpreenderam-se ao ver o céu iluminado com uma claridade tão bela e sentiram a terra tremer sob seus pés. {VJ 119.5}
Apressaram-se em direção ao sepulcro e ficaram ainda mais surpresas ao ver que a pedra havia sido removida e nenhum soldado se encontrava ali. {VJ 120.1}
Maria Madalena foi a primeira a chegar. Vendo que a pedra havia sido removida, correu para contar aos discípulos. Quando as demais mulheres se aproximaram, viram uma luz brilhando no sepulcro e olhando lá dentro, notaram que estava vazio. {VJ 120.2}
Demorando-se um pouco mais ali, de repente viram um jovem, vestido em roupas resplandecentes, sentado perto do túmulo. Era o anjo que havia removido a pedra. Com medo, tentaram fugir, mas ele lhes disse: {VJ 120.3}
“Não temais: porque sei que buscais Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito. Vinde ver onde Ele jazia. Ide, pois, depressa e dizei aos Seus discípulos que Ele ressuscitou dos mortos e vai adiante de vós para a Galiléia; ali O vereis. É como vos digo!” Mateus 28:5-7. {VJ 120.4}
Quando as mulheres olharam novamente para o túmulo, viram outro anjo reluzente, que lhes perguntou: {VJ 120.5}
“Por que buscais entre os mortos ao que vive? Ele não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos de como vos preveniu, estando ainda na Galiléia, quando disse: Importa que o Filho do Homem seja entregue nas mãos de pecadores, e seja crucificado, e ressuscite no terceiro dia.” Lucas 24:5-7. {VJ 120.6}
Esperança renovada
Os anjos então lhes explicaram a respeito da morte e ressurreição de Cristo. Lembraram as palavras que o próprio Cristo havia falado, nas quais havia predito Sua crucifixão e ressurreição. As palavras de Jesus agora faziam sentido e com esperança e coragem renovadas se apressaram para contar as novas de grande alegria. {VJ 120.7}
Maria estivera ausente daquela cena e voltava agora em companhia de Pedro e João. Quando eles retornaram a Jerusalém, ela permaneceu no local da sepultura. Não suportava a idéia de sair dali sem antes saber o que havia acontecido com o corpo do seu Senhor. Enquanto chorava, ouviu uma voz que lhe disse: {VJ 120.8}
“Mulher, por que choras? A quem procuras?” João 20:15. Seus olhos, cobertos de lágrimas, a impediram de reconhecer quem lhe falava. Pensou que se tratava do jardineiro e lhe disse em tom de súplica: {VJ 121.1}
“Senhor, se tu O tiraste, dize-me onde O puseste, e eu O levarei.” João 20:15. {VJ 121.2}
Pensava consigo que se o túmulo daquele homem rico era um lugar de demasiada honra para o Seu Senhor, ela mesma providenciaria para Ele uma outra sepultura. Mas naquele momento a voz do próprio Cristo soou aos seus ouvidos: “Maria!” João 20:16. {VJ 121.3}
Enxugando depressa as lágrimas, reconheceu diante de si o Salvador. Em sua alegria, se esquecendo de que Ele havia sido crucificado, estendeu-Lhe as mãos, dizendo: “Raboni (que quer dizer Mestre)!” João 20:16. {VJ 121.4}
Jesus, porém lhe disse: “Não me detenhas; porque ainda não subi para Meu Pai, mas vai ter com os Meus irmãos e dize-lhes: Subo para Meu Pai e vosso Pai, para Meu Deus e vosso Deus.” João 20:17. {VJ 121.5}
O Salvador recusou receber as homenagens de Seus discípulos até que pudesse Se certificar de que Seu sacrifício havia sido aceito pelo Pai. Subiu às cortes celestiais e do próprio Deus recebeu a garantia de que Seu sacrifício pelos pecados da humanidade fora completo e perfeito para expiar o pecado; e através de Seu sangue, todos podiam obter a vida eterna. {VJ 121.6}
Todo o poder no Céu e na Terra foi então dado ao Príncipe da vida, e Ele retornou aos Seus discípulos neste mundo pecaminoso, a fim de lhes comunicar Seu poder e Sua glória. {VJ 121.7}
3.6. Vida de Jesus - A Paixão de Cristo - Ressurreição e Vitória
Ao entregar Sua preciosa vida, Cristo não teve a alegria do triunfo para animá-Lo. Seu coração estava oprimido pela angústia e ferido pela tristeza. Mas não era o medo da morte a causa do Seu sofrimento, e sim o peso esmagador do pecado do mundo que O separava do amor de Seu Pai. Isso foi o que quebrantou o coração do Salvador, a tal ponto que determinou Sua morte antes do tempo previsto. {VJ 111.1}
Cristo sentiu a angústia que os pecadores hão de sentir quando tiverem consciência de sua culpa e reconhecerem estar para sempre excluídos da paz e da alegria do Céu. {VJ 111.2}
Os anjos contemplam com assombro a intensa agonia do Filho de Deus. Sua angústia mental é tão intensa que quase não sente os sofrimentos da cruz. {VJ 111.3}
A própria natureza se envolveu com aquela cena. O Sol, que até o meio-dia havia brilhado no firmamento, de repente negou seu brilho; em volta da cruz, tudo ficou mergulhado em trevas, como se fosse a hora mais escura da noite. Essa escuridão sobrenatural durou três horas completas. {VJ 112.1}
Um terror indescritível se apossou da multidão. As zombarias e insultos cessaram completamente. Homens, mulheres e crianças caíram por terra cheios de pavor. {VJ 112.2}
Relâmpagos ocasionais iluminavam a cruz e o Salvador crucificado. Todos julgavam que sua hora de retribuição havia chegado. {VJ 112.3}
À hora nona, as trevas se dissiparam de sobre o povo, mas ainda envolviam o Salvador como um manto. Raios flamejantes pareciam arremessar-se sobre Ele, ali pendurado na cruz. Foi então que exclamou em um grito desesperado: {VJ 112.4}
“Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?” Mateus 27:46. {VJ 112.5}
Nesse momento, a escuridão caiu sobre Jerusalém e as planícies da Judéia. Todos os olhos se voltaram para a cidade condenada e viram os raios ameaçadores da ira de Deus sendo arrojados contra ela. {VJ 112.6}
De repente, a sombra sobre a cruz se dissipou, e com voz clara e poderosa que parecia ressoar por toda a criação, Jesus exclamou: {VJ 112.7}
“Está consumado!” João 19:30. “Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito!” Lucas 23:46. {VJ 112.8}
Uma luz inundou a cruz e o rosto do Salvador se tornou tão brilhante como o Sol. Depois, curvando a cabeça sobre o peito, expirou. {VJ 112.9}
A multidão ao redor da cruz ficou paralisada e com a respiração suspensa contemplava o Salvador. Outra vez, as trevas baixaram sobre a Terra e se ouviu um estrondo como um poderoso trovão acompanhado de um terremoto. {VJ 112.10}
As pessoas foram lançadas umas sobre as outras pelo terremoto. Seguiu-se a mais terrível confusão. Nas montanhas vizinhas, as rochas se fenderam precipitando-se penhasco abaixo. Os túmulos se abriram lançando de si seus mortos. Parecia que toda a Criação estava se partindo aos pedaços. Sacerdotes, príncipes, soldados e o povo, mudos de terror, jaziam prostrados ao solo. {VJ 112.11}
No sepulcro
O Salvador havia sido condenado por crime de conspiração contra o governo romano. Pessoas que eram executadas por esse motivo tinham que ser sepultadas à parte, em um local destinado a tais criminosos. {VJ 112.12}
João, o discípulo amado, estremeceu ante a idéia de que o corpo de seu amado Mestre pudesse ser levado pelos insensíveis soldados romanos e sepultado em um lugar de desonra. Mas ele não podia evitar isso e tampouco tinha alguma influência junto a Pilatos. {VJ 112.13}
Nesse momento de indecisão, Nicodemos e José de Arimatéia, homens ricos e de influência, vieram para ajudar os discípulos. Ambos eram membros do Sinédrio e conhecidos de Pilatos e decidiram que o Salvador seria sepultado com as devidas honras. {VJ 112.14}
José foi à presença de Pilatos e pediu corajosamente o corpo de Jesus. Pilatos, depois de haver se informado de que Jesus estava realmente morto, concedeu-lhe o pedido. {VJ 112.15}
Enquanto José foi conversar com Pilatos, Nicodemos fez os preparativos para o sepultamento. Era* costume, na época, embalsamar o corpo com ungüentos preciosos e especiarias, e envolvê-lo com lençóis de linho. Assim, Nicodemos trouxe cerca de cinqüenta quilos de um preparado de mirra e aloés, muito caro, para o corpo de Jesus. {VJ 112.16}
Nem a pessoa mais honrada de Jerusalém poderia receber maior respeito e honra em sua morte. Os humildes seguidores de Cristo ficaram maravilhados ao ver o interesse demonstrado por esses príncipes ricos no sepultamento de seu Mestre. {VJ 113.1}
Homenagens póstumas
Oprimidos pela tristeza, os discípulos se esqueceram de que Jesus predissera aqueles acontecimentos. Estavam sem esperança. Nem José, nem Nicodemos aceitaram a Jesus como Salvador abertamente enquanto Ele vivia, mas tinham ouvido Seus ensinos e acompanharam bem de perto cada passo de Seu ministério. Embora os discípulos tivessem esquecido as palavras do Salvador acerca de Sua morte, José e Nicodemos se lembravam muito bem delas. E as cenas ligadas com a morte de Jesus, que desanimaram os discípulos e abalaram sua fé, foram para esses líderes a prova incontestável de que Jesus era o Messias, levando-os a tomar uma posição firme ao Seu lado. {VJ 113.2}
O apoio desses homens ricos e honrados foi extremamente oportuno naquela ocasião. Eles podiam fazer por seu Mestre morto o que era impossível aos pobres discípulos. {VJ 113.3}
Com delicadeza e reverência, removeram da cruz, com as próprias mãos, o corpo de Cristo. Lágrimas de compaixão fluíam livremente ao contemplarem o corpo ferido e dilacerado do Mestre. {VJ 113.4}
José possuía um sepulcro novo, talhado na rocha. Ele o havia construído para seu próprio uso, mas agora o destinara a Jesus. O corpo, com as especiarias trazidas por Nicodemos, foi cuidadosamente envolto em um lençol de linho e o Redentor foi levado à sepultura. {VJ 113.5}
Embora os príncipes do povo tivessem conseguido a morte de Cristo, não podiam ficar tranqüilos. Conheciam muito bem o Seu grande poder. {VJ 113.6}
Alguns deles estiveram presentes no túmulo de Lázaro quando Jesus o chamou de volta à vida e tremiam ao pensar que Cristo poderia ressuscitar dos mortos e aparecer diante deles. {VJ 113.7}
Tinham ouvido Jesus dizer à multidão que estava em Seu poder depor Sua vida e reavê-la e lembraram-se de Suas palavras: “Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei.” João 2:19. E sabiam que Ele Se referia a Seu próprio corpo. {VJ 113.8}
Judas lhes havia dito que em sua última viagem a Jerusalém, Ele teria dito: {VJ 113.9}
“Eis que subimos para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas. Eles O condenarão à morte. E O entregarão aos gentios para ser escarnecido, açoitado e crucificado; mas, ao terceiro dia, ressurgirá.” Mateus 20:18, 19. {VJ 113.10}
Recordavam-se agora de muitas coisas que Ele havia dito, predizendo Sua ressurreição, e por mais que quisessem não conseguiam se livrar das apreensões. Como seu pai, o diabo, acreditavam e tremiam. {VJ 113.11}
Todas as coisas confirmavam que Jesus era o Filho de Deus. À noite, não conseguiam dormir e viviam, agora que Jesus estava morto, mais preocupados com Ele do que quando estava vivo.* {VJ 113.12}
Decididos a fazer tudo o que pudessem para reter Jesus no túmulo, pediram a Pilatos para selar e guardar o sepulcro até o terceiro dia. Pilatos enviou uma guarda à disposição dos sacerdotes, e disse: {VJ 114.1}
“Aí tendes uma escolta; ide e guardai o sepulcro como bem vos parecer. Indo eles, montaram guarda ao sepulcro, selando a pedra e deixando ali a escolta.” Mateus 27:65, 66. {VJ 114.2}
Ressuscitou!
A entrada do sepulcro havia sido fechada com uma grande pedra e foi guardada com a máxima segurança. O selo do império romano fora colocado de tal maneira que a pedra não poderia ser removida sem rompê-lo. {VJ 114.3}
Uma escolta de soldados romanos montava guarda ao redor, mantendo estrita vigilância para que o corpo não fosse molestado. Alguns guardas rondavam constantemente enquanto outros descansavam no chão. {VJ 114.4}
Havia, porém, outra guarda perto do túmulo. Anjos poderosos, enviados do Céu, estavam ali. Apenas um desses anjos tinha força suficiente para destruir todo o exército romano. {VJ 114.5}
A noite que precedeu a manhã do primeiro dia da semana se arrastou lentamente, e se aproximou a hora mais escura, antes do alvorecer. {VJ 114.6}
Um dos mais poderosos anjos do Céu foi enviado. Seu rosto brilhava como um relâmpago e suas vestes eram brancas como a neve. As trevas fugiam à sua passagem e o céu inteiro foi iluminado com o brilho de sua glória. {VJ 114.7}
Os soldados adormecidos despertaram e se colocaram em posição de sentido. Com assombro e admiração olharam o céu aberto e a visão resplandecente que deles se aproximava. {VJ 114.8}
A terra tremia e arquejava à aproximação do poderoso ser celestial. O anjo veio para cumprir uma missão gloriosa e a velocidade e o poder de seu vôo sacudiram a terra em forte comoção. Soldados, oficiais e sentinelas caíram por terra como mortos. {VJ 114.9}
Havia ainda outra guarda presente na entrada do sepulcro formada por espíritos maus. Cristo estava morto e Satanás, como dono do império da morte, exigia para si o corpo sem vida de Jesus. {VJ 114.10}
Os anjos de Satanás estavam presentes para se certificar de que nenhum poder poderia arrebatar Jesus de seu domínio. Mas quando o mensageiro poderoso, enviado do trono de Deus, se aproximou, eles fugiram de terror ante aquela visão. {VJ 114.11}
Ressurgindo vitorioso
O anjo rolou a grande pedra que selava o túmulo como se fosse um seixo e, com voz poderosa que fez a terra tremer, bradou: {VJ 114.12}
“Jesus, Filho de Deus, Teu Pai Te chama!” {VJ 114.13}
Então Aquele que conquistara o poder sobre a morte, saiu do sepulcro triunfante e proclamou: “Eu sou a ressurreição e a vida.” João 11:25. A hoste de anjos se curvou em reverente adoração diante do Redentor e o receberam com cânticos de louvor. Ao ressurgir, a terra estremeceu, raios faiscaram e trovões ribombaram. Um terremoto assinalou a hora em que Jesus depôs Sua vida. Outro terremoto marcou o momento de Sua triunfante ressurreição. {VJ 114.14}
Satanás ficou muito irado porque seus anjos fugiram à aproximação dos mensageiros celestiais. Ele ousara acalentar a esperança de que Cristo não tornaria à vida e que o plano da salvação fracassaria. Mas quando viu o Salvador sair do túmulo triunfante, perdeu completamente a esperança. Sabia que seu reino teria fim e que finalmente seria destruído. {VJ 114.15}
3.5. - Vida de Jesus - A Paixão de Cristo - A Glória do Calvário
Jesus foi levado ao Calvário apressadamente, em meio a zombarias e gritos de insulto da multidão. Ao passar o limiar do tribunal, puseram-Lhe sobre os ombros feridos a cruz destinada a Barrabás. Os dois ladrões que seriam crucificados com Jesus também receberam suas cruzes. {VJ 105.1}
O peso do madeiro era mais do que o Salvador podia suportar, em Sua exaustão e sofrimento. Andou apenas alguns passos e caiu desmaiado sob o peso da cruz. {VJ 105.2}
Quando voltou a Si, a cruz foi outra vez colocada sobre Seus ombros. Cambaleou mais alguns passos e outra vez caiu sem sentidos. Seus algozes viram que Lhe era impossível carregar um peso além de Suas forças e ficaram perplexos, sem saber quem deveria levar aquele fardo humilhante. {VJ 105.3}
Naquele momento, vindo casualmente ao encontro deles, apareceu Simão, um cireneu, a quem obrigaram a levar a cruz até o Calvário. {VJ 105.4}
Os filhos de Simão eram discípulos de Jesus, mas ele mesmo não tinha aceitado a Cristo como seu Salvador. Mais tarde, Simão se sentiu sempre grato pelo privilégio de carregar a cruz do Redentor. O peso que foi obrigado a levar se tornou um meio para sua conversão. Os eventos do Calvário e as palavras que ouviu Jesus pronunciar o levaram a aceitá-Lo como o Filho de Deus. {VJ 106.1}
Chegando ao lugar da crucifixão, os condenados foram amarrados aos instrumentos de suplício. Os dois ladrões reagiram contra os que tentavam crucificá-los; o Salvador, porém, não ofereceu resistência. {VJ 106.2}
Momentos de angústia
A mãe de Jesus O havia seguido naquela terrível jornada até o Calvário. Ao vê-Lo sucumbir exausto ao peso da cruz, seu coração ansiava por Lhe prestar socorro, mas esse privilégio lhe foi negado. {VJ 106.3}
A cada passo daquele caminho tão sofrido, desejava que seu filho manifestasse o poder divino para livrar-Se da turba assassina, e agora que o drama chegava ao seu ato derradeiro, ao ver como os ladrões eram pendurados na cruz, quanta ansiedade ela teve que suportar! {VJ 106.4}
Devia Aquele que havia ressuscitado os mortos entregar-Se para ser crucificado? O Filho de Deus consentiria em aceitar morte tão cruel? Devia ela renunciar à crença de que Ele era de fato o Messias? {VJ 107.1}
Ela viu também Suas mãos serem estendidas no madeiro — aquelas mãos que sempre se estenderam para abençoar os sofredores. Trouxeram cravos e martelo e, quando os pregos Lhe perfuraram as mãos, os discípulos levaram o corpo desmaiado de Maria para longe daquela cena cruel. {VJ 107.2}
O Salvador não soltou um gemido sequer. De Seu rosto pálido e sereno, o suor corria fartamente. Os discípulos tinham fugido da pavorosa cena. “O lagar, Eu o pisei sozinho, e dos povos nenhum homem se achava comigo.” Isaías 63:3. {VJ 107.3}
Enquanto os soldados faziam seu trabalho, a mente de Jesus se desviou de Seus sofrimentos para se concentrar na terrível recompensa que aguardava os Seus perseguidores. Tendo piedade deles por sua ignorância, orou: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” Lucas 23:34. {VJ 108.1}
Assim, Cristo conquistou o direito de Se tornar o intercessor entre os homens e Deus. Essa oração abrangia o mundo todo, incluindo cada pecador que existiu ou que viria a existir, desde o princípio até a consumação do século. {VJ 108.2}
Toda vez que pecamos, Cristo é ferido outra vez. Por nós, Ele ergue as mãos feridas diante do trono do Pai e diz: “Perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” Lucas 23:34. {VJ 108.3}
O rei dos judeus e do universo
Logo depois de pregar Jesus na cruz, homens fortes levantaram o madeiro e o fincaram violentamente no chão. Isso causou um intenso sofrimento ao Filho de Deus. Pilatos escreveu então um letreiro em latim, grego e hebraico, que mandou afixar em cima da cruz, para que todos pudessem ler: {VJ 108.4}
“Jesus Nazareno, o Rei dos judeus.” João 19:19. {VJ 108.5}
No entanto, os judeus pediram que Pilatos mudasse a inscrição do letreiro, dizendo: {VJ 108.6}
“Não escrevas: Rei dos judeus, e sim que Ele disse: Sou o Rei dos judeus.” João 19:21. {VJ 108.7}
Mas Pilatos se sentia descontente consigo mesmo por causa de sua fraqueza e desprezou completamente os príncipes perversos e invejosos, dizendo: {VJ 108.8}
“O que escrevi, escrevi.” João 19:22. {VJ 108.9}
Os soldados dividiram entre si as vestes de Jesus, mas como Sua túnica era sem costura, brigaram por ela e finalmente fizeram um acordo de que deveriam lançar a sorte para ver quem a levaria. O profeta de Deus já havia predito esse incidente nas Escrituras: {VJ 108.10}
“Cães Me cercam; uma súcia de malfeitores Me rodeia; traspassaram-Me as mãos e os pés. Repartem entre si as Minhas vestes e sobre a Minha túnica deitam sortes.” Salmos 22:16, 18. {VJ 108.11}
Assim que Jesus foi erguido na cruz, desenrolou-se uma terrível cena. Sacerdotes, príncipes do povo e escribas se juntaram à multidão e irromperam em zombarias e insultos contra o Filho de Deus agonizante, dizendo: {VJ 108.12}
“Se Tu és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo.” Lucas 23:37. “Salvou os outros, a Si mesmo não pode salvar-Se. É Rei de Israel! Desça da cruz, e creremos nEle. Confiou em Deus; pois venha livrá-Lo agora, se, de fato, Lhe quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus.” Mateus 27:42, 43. {VJ 108.13}
Cristo poderia ter descido da cruz; mas, se tivesse feito isso, jamais poderíamos ser salvos. Por amor a nós, Ele Se dispôs a morrer. {VJ 108.14}
“Mas Ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas Suas pisaduras fomos sarados.” Isaías 53:5. {VJ 108.15}
3.4. Vida de Jesus - A Paixão de Cristo - O Julgamento de Cristo
Após ter sido condenado pelos juízes do Sinédrio, Cristo foi levado à presença de Pilatos, governador romano, para que a sentença fosse confirmada e executada. Os sacerdotes judeus não podiam entrar na sala de julgamento de Pilatos. De acordo com as leis cerimoniais, tal ato os tornava imundos e os excluía da participação da festa da Páscoa. {VJ 95.1}
Em sua cegueira, não viam que Cristo era o verdadeiro Cordeiro da Páscoa e que ao rejeitá-Lo, a grande festa havia perdido seu significado. {VJ 95.2}
Quando Pilatos olhou para Jesus, notou nEle um homem de aspecto nobre e de porte digno. Em Seu semblante não havia nenhuma expressão de delito. Voltando-se para os sacerdotes, perguntou: “Que acusação trazeis contra Este homem?” João 18:29. {VJ 95.3}
Seus acusadores, que não desejavam entrar em pormenores, não estavam preparados para essa pergunta. Sabiam que não possuíam nenhuma evidência confiável para que o governador romano condenasse Jesus. Então suscitaram contra Ele falsas testemunhas que disseram: “Encontramos Este homem pervertendo a nossa nação, vedando pagar tributo a César e afirmando ser Ele o Cristo, o Rei.” Lucas 23:2. {VJ 95.4}
Isso era mentira, pois Cristo havia claramente sancionado o pagamento de tributo a César. Quando os escribas O interrogaram sobre essa questão, tentando Lhe armar uma cilada, respondeu: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.” Mateus 22:21. {VJ 96.1}
Pilatos não se deixou enganar pelo depoimento das falsas testemunhas. Voltou-se para o Salvador e perguntou: {VJ 96.2}
“És Tu o Rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: Tu o dizes.” Mateus 27:11. {VJ 96.3}
Ao ouvirem essa resposta, Caifás e os que o acompanhavam apelaram para o testemunho que o próprio Pilatos acabava de ouvir dos lábios de Jesus, de que Ele era, de fato, culpado do crime de que O acusavam. Em altos brados, pediram Sua condenação à morte. {VJ 96.4}
Como Cristo nada respondesse aos Seus acusadores, Pilatos Lhe disse: {VJ 96.5}
“Nada respondes? Vê quantas acusações Te fazem! Jesus, porém, não respondeu.” Marcos 15:4, 5. {VJ 96.6}
Pilatos estava perplexo. Não havia encontrado qualquer indício de crime em Jesus. E não confiava naqueles que O acusavam. O porte nobre e a conduta discreta do Salvador contrastavam diretamente com a exaltação e fúria de seus acusadores. Isso impressionou o governador a ponto de se convencer da inocência de Cristo. {VJ 96.7}
A oportunidade de Pilatos
Esperando ouvir dEle a verdade, chamou-O para perto de si e perguntou: {VJ 96.8}
“És Tu o Rei dos judeus?” João 18:33. {VJ 96.9}
Cristo não respondeu diretamente a essa pergunta, mas devolveu-lhe outra pergunta: {VJ 96.10}
“Vem de ti mesmo esta pergunta ou to disseram outros a Meu respeito?” João 18:34. {VJ 96.11}
O Espírito de Deus estava operando no coração de Pilatos. A pergunta de Jesus tinha o objetivo de levá-lo a examinar mais profundamente seu coração. Pilatos entendeu o significado da pergunta e seu próprio coração se abriu ante ele, sentindo a alma se agitar pela convicção. Nesse momento, porém, um sentimento de orgulho se apoderou dele, e voltando-se para Jesus, disse-Lhe: {VJ 96.12}
“Porventura, sou judeu? A Tua própria gente e os principais sacerdotes é que Te entregaram a mim. Que fizeste?” João 18:35. {VJ 97.1}
A grande oportunidade de Pilatos havia passado; contudo, Jesus desejava que o governador compreendesse que Ele não viera para ser um rei da Terra e por isso lhe disse: {VJ 97.2}
“O Meu reino não é deste mundo. Se o Meu reino fosse deste mundo, os Meus ministros se empenhariam por Mim, para que não fosse Eu entregue aos judeus; mas agora o Meu reino não é daqui.” João 18:36. {VJ 97.3}
“Então, Lhe disse Pilatos: Logo, Tu és Rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que sou Rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a Minha voz.” João 18:37. {VJ 97.4}
Pilatos tinha desejo de conhecer a verdade. Sua mente estava confusa. Avidamente apanhou as palavras de Cristo e seu coração se comoveu com o desejo de conhecer e obter a verdade. Então perguntou a Jesus: “Que é a verdade?” João 18:38. {VJ 97.5}
Mas não esperou pela resposta. Fora do tribunal, a turba chegou ao máximo da agitação e tumulto. Os sacerdotes clamavam por uma ação imediata e Pilatos teve que se voltar para os interesses do momento. Dirigindo-se ao povo, declarou: {VJ 97.6}
“Eu não acho nEle crime algum.” João 18:38. Essas palavras, vindas dos lábios de um juiz gentio, eram uma reprovação esmagadora da deslealdade e falsidade dos príncipes de Israel que incriminavam o Salvador. {VJ 97.7}
Quando os sacerdotes e anciãos ouviram o juízo de Pilatos, sua decepção e fúria não conheceram limites. Fazia muito tempo que haviam planejado e esperado por essa oportunidade. Quando viram que havia possibilidade de libertação de Jesus, ficaram a ponto de despedaçá-Lo. {VJ 97.8}
Descontrolados e irracionais, começaram a praguejar, comportando-se como verdadeiros demônios. Aos gritos, denunciaram Pilatos, ameaçando-o de censura por parte do governo romano. Acusaram-no de se recusar condenar alguém que eles afirmavam ter-se insurgido contra César. Então se puseram a clamar: {VJ 97.9}
“Ele alvoroça o povo, ensinando por toda a Judéia, desde a Galiléia, onde começou, até aqui.” Lucas 23:5. {VJ 97.10}
Até ali Pilatos não havia pensado em condenar Jesus, pois estava certo de Sua inocência. Mas quando ouviu que Cristo era da Galiléia, decidiu enviá-Lo a Herodes, o governador daquela província, o qual se encontrava então em Jerusalém. Através dessa manobra, Pilatos pensou em transferir a responsabilidade de suas mãos para as de Herodes. {VJ 97.11}
Jesus estava enfraquecido pela fome e exausto pela falta de sono. Além disso, sofria pelo tratamento cruel que havia recebido. Mesmo assim, Pilatos O devolveu aos soldados e Ele foi arrastado entre os insultos e zombaria da multidão impiedosa. {VJ 98.1}
Perante Herodes
Herodes nunca havia se encontrado com Jesus, mas havia muito desejava vê-Lo e testemunhar Seus maravilhosos milagres. Quando o Salvador foi conduzido à sua presença, a turba se agitou, acotovelando-se. Gritavam coisas diferentes, produzindo um vozerio confuso. Herodes ordenou silêncio, pois desejava interrogar o prisioneiro. {VJ 98.2}
Comovido e curioso, olhou o rosto pálido de Jesus. Viu nele traços de profunda sabedoria e pureza. Estava convencido, assim como Pilatos, de que somente a maldade e a inveja eram os únicos motivos que levaram os judeus a acusá-Lo. {VJ 98.3}
Então, Herodes O instigou a operar um de Seus milagres diante dele com a promessa de que O soltaria se assim fizesse. Deu ordens para que viessem pessoas paralíticas e deformadas para que Cristo as curasse. O Salvador, porém, Se manteve impassível como se nada estivesse ouvindo ou vendo. {VJ 98.4}
O Filho de Deus havia assumido em Si mesmo a natureza humana e Lhe cumpria agir como homem em idênticas circunstâncias. Entretanto, não operaria um milagre para meramente satisfazer a curiosidade ou salvar a Si mesmo da dor e humilhação a que homens em situações semelhantes teriam que se sujeitar. {VJ 98.5}
Seus acusadores tremeram quando Herodes Lhe pediu um milagre. Uma das coisas que mais temiam era a manifestação do poder divino que já tinham presenciado em Cristo. Tal manifestação seria um golpe mortal em seus planos e talvez lhes custasse a própria vida. Por isso, começaram a gritar, atribuindo os milagres de Jesus ao poder de Belzebu, o príncipe dos demônios. {VJ 98.6}
Coração endurecido
Alguns anos antes, Herodes ouvira os ensinos de João Batista e ficara profundamente impressionado; contudo, não abandonara sua vida de intemperança e pecado. Seu coração se endureceu mais e mais e, finalmente, em uma noite de orgia e bebedeira, ordenara que João fosse decapitado para agradar a perversa Herodias. {VJ 98.7}
Agora, achava-se mais endurecido ainda. Não pôde suportar o silêncio de Jesus. Uma sombra de ira e paixão foi notada em seu rosto e, enfurecido, ameaçou o Salvador, que permaneceu imóvel, em silêncio. {VJ 98.8}
Cristo viera ao mundo para curar os sofredores. Pudesse Ele ter dito uma única palavra para curar as feridas das almas enfermas pelo pecado, não teria guardado silêncio. Mas nada tinha a dizer àqueles que pisariam a verdade sob seus pés profanos. {VJ 98.9}
Aquele ouvido que sempre estivera atento aos clamores da miséria humana, se achava agora surdo à ordem de Herodes. Aquele coração, que sempre se comovia com o apelo do mais vil dos pecadores, se fechou ao rei presunçoso que não sentia necessidade de um Salvador. {VJ 98.10}
Irado, Herodes se voltou para a multidão e declarou Jesus um impostor. Mas Seus acusadores sabiam que não se tratava de nenhum impostor, posto que haviam presenciado muitos de Seus feitos poderosos. {VJ 98.11}
Então o rei começou a insultar e ridicularizar vergonhosamente o Filho de Deus. “Mas Herodes, juntamente com os da sua guarda, tratou-O com desprezo, e, escarnecendo dEle, fê-Lo vestir-Se de um manto aparatoso.” Lucas 23:11. {VJ 98.12}
Quando o perverso rei notou que Jesus sofria em silêncio todas as injúrias, se comoveu com um repentino receio de que não tinha diante de si um homem comum. Ficou perplexo com a idéia de que aquele prisioneiro pudesse ser alguma divindade que descera à Terra. {VJ 98.13}
Herodes não ousou confirmar a condenação de Jesus. Desejava se livrar daquela terrível responsabilidade e então O enviou de volta a Pilatos. {VJ 98.14}
Pilatos perde a autoridade
Quando os judeus voltaram da presença de Herodes trazendo Jesus de volta ao tribunal, Pilatos ficou muito aborrecido e lhes perguntou o que queriam que ele fizesse. Lembrou-lhes de que já O havia interrogado e não encontrara nenhuma culpa nEle. Recordara-lhes as acusações que fizeram contra Ele, mas nenhuma prova convincente fora apresentada para confirmar uma única acusação. {VJ 98.15}
Conforme foi mencionado anteriormente, levaram Jesus à presença de Herodes, que era judeu como eles mesmos e ele nada encontrou para que fosse condenado à morte. Contudo, para apaziguar os acusadores, Pilatos disse: “Portanto, após castigá-Lo, soltá-Lo-ei.” Lucas 23:16. {VJ 98.16}
Nisso, Pilatos mostrou sua fraqueza, pois se sabia que Cristo era inocente, por que mandaria castigá-Lo? Assim fazendo, comprometia-se com o erro. Os judeus não mais esqueceram disso durante o julgamento. Haviam conseguido intimidar o governador romano e, agora, tirando vantagem disso, haveriam de pressioná-lo até conseguir a condenação de Jesus. {VJ 99.1}
A multidão, em alvoroço, exigia mais e mais a vida do prisioneiro. Enquanto hesitava em relação ao que fazer, recebeu uma carta de sua esposa que dizia: “Não te envolvas com esse Justo; porque hoje, em sonho, muito sofri por Seu respeito.” Mateus 27:19. {VJ 99.2}
Pilatos, ao ler a carta, empalideceu; o povo, ao perceber sua hesitação, redobrou a insistência. Ele sabia que precisava tomar alguma atitude. Era costume, no período da Páscoa, soltar um prisioneiro que o povo escolhesse. Os soldados romanos haviam capturado, um criminoso de fama, chamado Barrabás. Era ladrão e assassino. Então Pilatos se voltou para a multidão e lhes perguntou com seriedade: {VJ 99.3}
“A quem quereis que eu vos solte, a Barrabás ou a Jesus, chamado Cristo?” Mateus 27:17. {VJ 99.4}
“Toda a multidão, porém, gritava: Fora com Este! Solta-nos Barrabás!” Lucas 23:18. {VJ 99.5}
Pilatos emudeceu de espanto e desapontamento. Entregando o julgamento ao povo, ele havia perdido a dignidade e o controle da multidão. Daí em diante, se tornou apenas um joguete nas mãos do povo. Eles o levavam aonde queriam. Então perguntou: {VJ 99.6}
“Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo? Seja crucificado! Responderam todos. Que mal fez ele? Perguntou Pilatos. Porém, cada vez clamavam mais: Seja crucificado!” Mateus 27:22, 23. {VJ 99.7}
Quando ouviu o grito terrível “Crucifica-O!”, o rosto de Pilatos empalideceu. Ele não imaginara tal desfecho. Repetidas vezes havia declarado Jesus inocente, contudo o povo insistia em que Ele sofresse a mais cruel de todas as mortes. Outra vez perguntou: “Que mal fez Ele?” E outra vez o terrível grito ecoou nos ares: “Crucifica-O!” Marcos 15:14. {VJ 99.8}
Pilatos fez um último esforço para lhes despertar simpatia. Mandou que tomassem a Jesus, completamente exausto e coberto de feridas e O açoitassem na presença de Seus acusadores. {VJ 99.9}
O escárnio dos ímpios
“Os soldados, tendo tecido uma coroa de espinhos, puseram-Lha na cabeça e vestiram-No com um manto de púrpura. Chegavam-se a Ele e diziam: Salve, Rei dos judeus! E davam-Lhe bofetadas.” João 19:2, 3. Cuspiram nEle e uma perversa mão arrancou a vara que Lhe haviam posto nas mãos e com ela Lhe golpeou a coroa em Sua fronte a ponto de os espinhos penetrarem em Suas têmporas e o sangue jorrar pelo rosto e barba. {VJ 101.1}
Satanás liderava os cruéis soldados em seus abusos contra Jesus. Queria incitá-Lo a algum tipo de vingança, se possível, ou levá-Lo a operar um milagre para livrar a Si mesmo e assim frustrar o plano da salvação. Uma única mancha em Sua vida humana, ou uma única falha em suportar o terrível teste e o Cordeiro de Deus seria uma oferta imperfeita e a redenção do homem teria fracassado. {VJ 101.2}
Aquele, porém, que podia comandar as hostes celestiais e chamar em Seu auxílio legiões de anjos, sendo que apenas um deles seria suficiente para subjugar a turba cruel, que poderia ter lançado por terra Seus atormentadores com apenas um raio de Sua divina majestade, submeteu-Se a todas as afrontas e ultrajes com uma compostura digna e humilde. Assim como os atos de Seus torturadores os rebaixavam à semelhança de Satanás, a mansidão e a paciência de Jesus O exaltavam acima da humanidade e provavam Seu parentesco com Deus. {VJ 101.3}
Pilatos se comoveu profundamente com a paciência e a resignação do Salvador. Pediu que introduzissem a Barrabás na sala do julgamento e então colocou os prisioneiros lado a lado. Apontando para Jesus disse em tom solene: “Eis o homem! ... Eis que eu vo-Lo apresento, para que saibais que eu não acho nEle crime algum.” João 19:5, 4. {VJ 101.4}
Ali estava o Filho de Deus, com o manto escarlate e a coroa de espinhos. Desnudo até a cintura, exibia nas costas os vergões extensos e cruéis dos quais o sangue fluía livremente. Seu rosto, manchado de sangue, trazia as marcas da completa exaustão e dor; mas nunca parecera mais belo. Cada traço expressava bondade e resignação e a mais terna piedade para com Seus cruéis algozes. {VJ 101.5}
Em chocante contraste, se achava o outro prisioneiro em cujas feições mostrava o criminoso empedernido que era. {VJ 101.6}
Entre os espectadores havia alguns que simpatizavam com Jesus. Mesmo os sacerdotes e príncipes estavam convictos de que Ele era quem dizia ser. Mas não se renderam. Haviam induzido a turba a uma fúria insana e novamente os sacerdotes, os príncipes e o povo gritaram: {VJ 101.7}
“Crucifica-O, crucifica-O!” João 19:6. {VJ 101.8}
Finalmente, com a paciência esgotada diante de uma crueldade tão vingativa e irracional, Pilatos disse ao povo: {VJ 101.9}
“Tomai-O vós outros e crucificai-O; porque eu não acho nEle crime algum.” João 19:6. {VJ 101.10}
Pilatos fez tudo o que podia para libertar o Salvador; mas os judeus gritavam: {VJ 101.11}
“Se soltas a Este, não és amigo de César! Todo aquele que se faz rei é contra César.” João 19:12. {VJ 101.12}
Tais palavras atingiram Pilatos em seu ponto fraco. Ele já se tornara suspeito ao governo romano e tal notícia a seu respeito seria sua ruína. “Vendo Pilatos que nada conseguia, antes, pelo contrário, aumentava o tumulto, mandando vir água, lavou as mãos perante o povo, dizendo: Estou inocente do sangue dEste Justo; fique o caso convosco!” Mateus 27:24. {VJ 101.13}
Em vão Pilatos tentou se eximir da culpa de condenar Jesus. Se tivesse agido com energia e firmeza a princípio, fiel à sua própria e justa convicção, o povo teria que acatar sua decisão e não subjugaria sua vontade. Sua vacilação e indecisão foram sua ruína. Viu que não podia libertar Jesus e ainda manter sua posição e honra. Preferiu sacrificar uma vida inocente a perder sua autoridade terrena. Submetendo-se às exigências do povo, novamente mandou açoitar Jesus, e O entregou para ser crucificado. {VJ 101.14}
Mas, apesar de suas precauções, o que mais temia veio sobre ele. Foi destituído de sua posição de honra, vindo a morrer não muito tempo depois da crucifixão, ferido em seu orgulho e atormentado de remorsos. {VJ 102.1}
Do mesmo modo, todos os que se comprometem com o pecado, só ganharão sofrimento e ruína. “Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte.” Provérbios 14:12. {VJ 102.2}
Invocando a maldição
Quando Pilatos se declarou inocente do sangue de Cristo, Caifás respondeu com arrogância: {VJ 102.3}
“Caia sobre nós o Seu sangue e sobre nossos filhos!” Mateus 27:25. {VJ 102.4}
Essas terríveis palavras foram repetidas pelos sacerdotes e pelo povo. Acabavam de pronunciar tremenda sentença sobre si mesmos, uma horrível herança para a posteridade. {VJ 102.5}
Isso se cumpriu literalmente nas dramáticas cenas da destruição de Jerusalém, cerca de quarenta anos mais tarde. {VJ 102.6}
Literalmente têm-se cumprido na dispersão, no desprezo e na opressão a que estão sujeitos seus descendentes desde aquele dia. Mas será duplamente literal quando o acerto final de contas vier. O cenário então será mudado. “Esse Jesus... virá” (Atos dos Apóstolos 1:11) “em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus.” 2 Tessalonicenses 1:8. {VJ 102.7}
Dirão eles, então, aos montes e rochedos: “Caí sobre nós e escondei-nos da face dAquele que Se assenta no trono e da ira do Cordeiro, porque chegou o grande dia da ira dEles; e quem é que pode suster-se?” Apocalipse 6:16, 17. {VJ 102.8}
3.3. Vida de Jesus - A Paixão de Cristo - Traição e Prisão de Jesus
Nenhum traço de Seus recentes sofrimentos podia ser notado quando o Salvador Se adiantou para encontrar Seu traidor. Colocando-Se adiante dos discípulos, perguntou à turba: {VJ 85.1}
“A quem buscais?
Responderam-Lhe:
A Jesus, o Nazareno.
Então, Jesus lhes disse:
Sou Eu.” {VJ 85.2}
João 18:4, 5.
Ao dizer essas palavras, o anjo que O confortara, colocou-se entre Ele e a multidão. Uma luz divina iluminou Seu rosto e uma forma de pomba pairava sobre Ele. A turba assassina não pôde suportar por um momento sequer a luz da presença divina. Recuaram cambaleantes, e sacerdotes, anciãos e soldados caíram por terra, sem sentidos. {VJ 85.3}
O anjo se retirou e a luz se apagou. Jesus poderia ter escapado, mas permaneceu ali, calmo e com perfeito domínio de Si mesmo enquanto os discípulos estavam assustados demais para dizer uma só palavra. {VJ 86.1}
Os soldados logo se recobraram, levantando-se, e junto com os sacerdotes e Judas rodearam Jesus. Pareciam envergonhados de sua fraqueza e temerosos de que Ele pudesse fugir. O Salvador lhes pergunta de novo: {VJ 86.2}
“A quem buscais? Responderam-lhe: A Jesus, o Nazareno. Então, lhes disse Jesus: Já vos declarei que sou Eu; se é a Mim, pois, que buscais, deixai ir estes.” João 18:7, 8. {VJ 86.3}
Nessa hora de provação, os pensamentos de Cristo se voltaram para os Seus amados discípulos. Não queria que sofressem, ainda que tivesse de ser preso e morto. {VJ 86.4}
O beijo da traição
Judas, o traidor, não se esqueceu da parte que tinha a desempenhar. Aproximou-se e O beijou. Disse-lhe Jesus: “Amigo, para que vieste?” Mateus 26:50. E com voz trêmula acrescentou: “Judas, com um beijo trais o Filho do Homem?” Lucas 22:48. {VJ 86.5}
Essas amáveis palavras deveriam comover o coração de Judas, mas parece que todo o sentimento de ternura e dignidade o havia abandonado. Agora estava sob o domínio de Satanás. Colocou-se com arrogância ao lado de Jesus e não se envergonhou de entregá-Lo à turba cruel. {VJ 86.6}
Cristo não recusou o beijo do traidor. Nisso, Ele nos deu exemplo de tolerância, amor e simpatia. Se somos Seus discípulos, devemos tratar nossos inimigos como Ele tratou Judas. {VJ 86.7}
A multidão homicida se tornou mais ousada quando viu o traidor tocar o Ser que pouco antes havia sido iluminado com a luz celeste diante de seus olhos. Em seguida, prenderam-No e ataram Suas mãos que sempre se ocuparam em fazer o bem. {VJ 86.8}
Os discípulos não acreditavam que Jesus consentiria em ser preso. Tinham certeza de que o poder que havia lançado a turba por terra era suficiente para livrar o Mestre e Seus companheiros. Ficaram desapontados e indignados quando viram as mãos de Seu amado Mestre serem amarradas. Furioso. Pedro arrancou da espada e brandindo-a cortou a orelha do servo do sacerdote. {VJ 86.9}
Jesus, vendo o que Pedro fizera, soltou as mãos firmemente amarradas pelos soldados romanos e disse: “Deixai, basta.” Lucas 22:51. Tocou então a orelha ferida, que sarou no mesmo instante. {VJ 86.10}
Disse então a Pedro: “Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada, à espada perecerão. Acaso, pensas que não posso rogar a Meu Pai, e Ele Me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim deve suceder?” Mateus 26:52-54. “Não beberei, porventura, o cálice que o Pai Me deu?” João 18:11. {VJ 87.1}
Voltando-Se então para os sacerdotes e capitães do templo que se encontravam na multidão, disse-lhes: “Saístes com espadas e porretes para prender-me, como a um salteador? Todos os dias Eu estava convosco no templo, ensinando, e não Me prendestes; contudo, é para que se cumpram as Escrituras.” Marcos 14:48, 49. {VJ 87.2}
Quando os discípulos viram que o Salvador não fazia nenhum esforço para Se livrar de Seus inimigos, culparam-No por isso. Não podiam compreender Sua rendição àquela turba e, cheios de medo, deixaram o Mestre sozinho e fugiram. {VJ 87.3}
Cristo havia predito a cena do abandono quando disse: “Eis que vem a hora e já é chegada, em que sereis dispersos, cada um para sua casa, e Me deixareis só; contudo, não estou só, porque o Pai está comigo.” João 16:32. {VJ 87.4}
Perante Anás e Caifás
Jesus foi levado do Jardim do Getsêmani cercado pela turba que o vaiava. Movia-Se com dificuldade pois Suas mãos estavam fortemente atadas e os soldados O mantinham bem perto. {VJ 87.5}
Primeiro foi levado à casa de Anás, o antigo sumo sacerdote cujo cargo havia sido ocupado por seu genro, Caifás. O ímpio Anás queria ser o primeiro a ver Jesus preso e tirar dEle provas que O levariam à condenação. {VJ 87.6}
Com essa intenção, interrogou o Salvador em relação aos Seus discípulos e ensinamentos. Cristo respondeu: {VJ 87.7}
“Eu tenho falado francamente ao mundo; ensinei continuamente tanto nas sinagogas como no templo, onde todos os judeus se reúnem, e nada disse em oculto.” João 18:20. {VJ 87.8}
Então, voltando-Se para o que O interrogava, disse: “Por que Me interrogas? Pergunta aos que ouviram.” João 18:21. {VJ 87.9}
Os próprios sacerdotes tinham enviado espiões para observar Cristo e relatar cada palavra que dizia. Através deles, sabiam tudo o que Cristo ensinava e fazia em cada reunião. Os espiões tentavam apanhá-Lo em Suas próprias palavras para que, desse modo, pudessem condená-Lo. Por isso o Salvador disse: “Pergunta aos que ouviram.” João 18:21. Dirigi-vos aos vossos espiões. Eles ouviram o que Eu disse e podem contar-vos a respeito dos Meus ensinos. {VJ 87.10}
As palavras de Jesus foram tão penetrantes e diretas que o sacerdote sentiu que o seu Prisioneiro conhecia suas intenções. {VJ 87.11}
Um dos servos de Anás, porém, sentindo que seu mestre não havia sido tratado com o devido respeito, bateu no rosto de Jesus, dizendo: {VJ 87.12}
“É assim que falas ao sumo sacerdote? Replicou-lhe Jesus: Se falei mal, dá testemunho do mal; mas, se falei bem, por que Me feres?” João 18:22, 23. {VJ 88.1}
Jesus poderia ter convocado legiões de anjos celestes para vir em Seu auxílio; mas era parte de Sua missão suportar, em Sua humanidade, todas as ofensas e insultos que os homens pudessem acumular sobre Ele. {VJ 88.2}
Julgamento forjado
Da casa de Anás, o Salvador foi levado ao palácio de Caifás. Ele deveria ser interrogado pelo Sinédrio e, enquanto seus membros eram convocados, Anás e Caifás O questionaram outra vez, mas não obtiveram vantagem sobre Ele. {VJ 88.3}
Quando os membros do Sinédrio estavam reunidos, Caifás tomou seu lugar de presidente, ladeado pelos juízes; diante deles, os soldados romanos guardavam o Salvador; atrás deles se encontrava a turba acusadora. {VJ 88.4}
Caifás então ordenou que Jesus operasse um de Seus milagres diante de todos, mas o Salvador permanecendo em silêncio, não deu nenhum sinal de que tinha ouvido uma palavra sequer. Tivesse Ele respondido com um único olhar penetrante e cheio de autoridade tal qual lançara aos comerciantes no templo e toda aquela turba homicida fugiria imediatamente de Sua presença. {VJ 88.5}
Naquela época, os judeus estavam sob o domínio dos romanos e não eram autorizados a condenar ninguém à morte. O Sinédrio apenas examinava o prisioneiro e então transferia o julgamento para ser ratificado pelas autoridades romanas. {VJ 88.6}
Para cumprir seu ímpio propósito, deveriam encontrar alguma acusação contra o Salvador que fosse considerada como um ato criminoso pelo governador romano. Podiam assegurar que tinham suficientes evidências de que Cristo havia falado contra muitas tradições e ordenanças judaicas. Era fácil provar que Ele havia denunciado sacerdotes e escribas, chamando-os de hipócritas e assassinos, mas isso não seria motivo de condenação perante os romanos, pois eles mesmos odiavam a hipocrisia dos fariseus. {VJ 88.7}
Muitas acusações foram apresentadas contra Jesus, mas, ou as testemunhas não estavam de acordo, ou os depoimentos eram de tal natureza que não seriam aceitos pelos romanos. Tentaram fazê-Lo falar, em resposta às acusações, mas Ele parecia não ouvi-los. O silêncio de Cristo, naquele momento, já havia sido descrito pelo profeta Isaías: {VJ 88.8}
“Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, Ele não abriu a boca.” Isaías 53:7. {VJ 89.1}
Os sacerdotes começaram a temer que não conseguiriam nenhuma prova convincente que pudesse levar Cristo à presença de Pilatos. Sentiam que uma última tentativa precisava ser feita. O sumo sacerdote apontou a mão para o Céu e se dirigiu a Jesus, em forma de solene juramento: {VJ 89.2}
“Eu Te conjuro pelo Deus vivo que nos digas se Tu és o Cristo, o Filho de Deus.” Mateus 26:63. {VJ 89.3}
O Salvador jamais negou Sua missão ou Seu relacionamento com o Pai. Podia calar-Se diante de um insulto, mas sempre falava aberta e decididamente quando Sua obra ou filiação divina eram questionadas. {VJ 89.4}
Todo ouvido inclinou-se para ouvir e todo olhar fixou-se nEle, quando respondeu: “Tu o disseste.” Mateus 26:25. {VJ 89.5}
Segundo o costume da época, responder daquele modo significava “sim” ou “é tal qual disseste”. Essa era a maneira de responder de modo mais enfático a uma resposta afirmativa. Uma luz celestial iluminou Seu rosto pálido quando acrescentou: {VJ 89.6}
“Entretanto, Eu vos declaro que, desde agora, vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-poderoso e vindo sobre as nuvens do céu.” Mateus 26:64. {VJ 89.7}
Nessa declaração, o Salvador apresentou o reverso da cena que ali se desenrolava, apontando-lhes um tempo em que Ele ocupará a posição de Supremo Juiz do Céu e da Terra. Então estará assentado no trono do Pai e de Suas sentenças não haverá apelação. {VJ 89.8}
Diante de Seus ouvintes, trouxe uma visão daquele dia, quando, ao invés de sofrer abusos e escárnios da turba desordeira, virá nas nuvens do Céu com poder e grande glória. Legiões de anjos O escoltarão e então pronunciará a sentença contra Seus inimigos, achando-se entre eles a mesma turba que O acusava. {VJ 89.9}
Ao Jesus Se declarar Filho de Deus e Juiz do mundo, o sacerdote rasgou suas vestes, mostrando-se horrorizado. Ergueu as mãos para o Céu e disse: {VJ 89.10}
“Blasfemou! Que necessidade mais temos de testemunhas? Eis que ouvistes agora a blasfêmia! Que vos parece? Responderam eles: É réu de morte.” Mateus 26:65, 66. {VJ 89.11}
Segundo as leis judaicas, um prisioneiro não podia ser julgado à noite. Por isso, embora já condenado, deveria haver um outro julgamento durante o dia. {VJ 89.12}
Insultando o Criador
Jesus foi levado, em seguida, para a sala da guarda, onde sofreu escárnio e abuso dos soldados e da multidão. {VJ 90.1}
Ao amanhecer, foi Ele conduzido novamente à presença dos juízes onde a condenação definitiva foi pronunciada. Uma fúria satânica se apossou dos líderes e do povo. A multidão urrava como feras selvagens. Lançaram-se então contra Cristo, gritando: “Ele é culpado, matem-No!” Se os soldados romanos não estivessem presentes, eles O teriam feito em pedaços. Porém, a autoridade romana se interpôs, e, com a força das armas, reprimiu a violência do povo. {VJ 90.2}
Sacerdotes e príncipes se misturaram à multidão e cobriram o Salvador de insultos. Vestiram-No com um manto surrado e Lhe bateram no rosto, dizendo: “Profetiza-nos, Cristo, quem é que Te bateu!” Mateus 26:68. {VJ 90.3}
E tirando as Suas vestes, cuspiram-Lhe no rosto. {VJ 90.4}
Os anjos de Deus registraram fielmente cada insulto, olhar, palavra e ato contra seu amado Comandante. Um dia aqueles homens vis que zombaram e bateram no rosto pálido e sereno de Cristo contemplarão esse mesmo rosto mais brilhante do que o Sol. {VJ 90.5}
A tragédia de Judas
Os príncipes judeus estavam ansiosos por prender Jesus, mas por receio de provocar um tumulto entre o povo, não ousavam fazê-Lo abertamente. Por isso buscaram alguém que pudesse traí-Lo secretamente e encontraram em Judas, um dos doze discípulos, a pessoa para praticar esse ato vil. {VJ 90.6}
Judas tinha naturalmente um forte amor pelo dinheiro, nem sempre fora mau e corrupto a ponto de praticar tal ato. Cultivou, porém, o espírito de avareza até que esse alcançou pleno domínio sobre sua vida e, agora, podia vender o seu Senhor por trinta moedas de prata, o preço de um escravo. Êxodo 21:28-32. Com um beijo traiu o Salvador no Getsêmani. {VJ 90.7}
Depois de entregá-Lo, seguiu cada passo do Filho de Deus, desde o jardim até o interrogatório diante dos príncipes do povo. Não acreditava que Jesus consentiria em ser morto por eles conforme O ameaçaram. {VJ 91.1}
A cada momento esperava vê-Lo libertado e protegido pelo poder divino, como havia sido no passado. Mas, à medida que as horas passavam e Jesus Se submetia pacientemente a todas as injúrias e insultos, um terrível medo se apossou do traidor, levando-o a reconhecer que, de fato, ele havia traído Seu Mestre para ser morto. {VJ 91.2}
Remorso tardio
Quando o julgamento terminou, Judas não pôde suportar mais a tortura de uma consciência culpada. De repente, uma voz rouca ecoou no recinto provocando um calafrio de terror em todos os presentes: Ele é inocente. Poupa-O, Caifás. Nada fez para merecer a morte! Mateus 27:3, 4. {VJ 92.1}
A figura alta de Judas foi vista abrindo caminho pelo meio da multidão chocada. Seu rosto estava pálido e desfigurado e grandes gotas de suor caíam da sua fronte. Avançando até o trono do julgamento, atirou aos pés do sumo sacerdote as trinta peças de prata — o preço da traição. Agarrou ansiosamente as vestes de Caifás e lhe implorou que libertasse Jesus, pois nEle não havia nenhum crime. Caifás, porém, o repeliu, dizendo: “Que nos importa? Isso é contigo.” Mateus 27:4. {VJ 92.2}
Judas então se lançou aos pés do Salvador. Confessou que Jesus era o Filho de Deus e Lhe implorou que livrasse a Si mesmo de Seus inimigos. Jesus sabia que Judas não havia se arrependido verdadeiramente do seu ato. O falso discípulo temia a punição pelo que havia feito, mas não sentiu genuína tristeza por ter entregue o imaculado Filho de Deus. {VJ 92.3}
Mesmo assim, Jesus não lhe dirigiu nenhuma palavra de condenação. Olhou-o com piedade e disse: “Para isso nasci e para isso vim ao mundo.” João 18:37. {VJ 93.1}
Um murmúrio de admiração correu pela multidão. Com espanto, presenciaram a longanimidade de Cristo para com Seu traidor. {VJ 93.2}
Quando Judas percebeu que suas súplicas não dariam resultado, saiu correndo da sala, gritando: “É tarde, é tarde demais!” Sentiu que não podia suportar a crucifixão de Jesus e, em desespero, foi e se enforcou. {VJ 93.3}
Mais tarde, naquele mesmo dia, quando conduziam Jesus do tribunal de Pilatos ao Calvário, as zombarias e os insultos da turba foram interrompidos quando passaram por um lugar deserto e viram, junto a uma árvore seca, o corpo sem vida de Judas. {VJ 93.4}
Era um quadro repugnante. O peso do corpo havia rompido a corda e, ao cair, mutilara-se horrivelmente. Os cães agora o devoravam. Os restos foram imediatamente enterrados longe da vista de todos. A zombaria, porém, diminuiu e o rosto pálido de muitos revelava os fortes temores de seu íntimo. Parecia que a retribuição já começava a atingir os que eram culpados do sangue de Jesus. {VJ 93.5}
3.2. Vida de Jesus - A Paixão de Cristo - Angústia no Getsêmani
A vida do Salvador na Terra foi dedicada à oração. Passou muitas horas a sós com Deus e, com freqüência, Suas preces sinceras subiam ao trono celeste, buscando a sabedoria e força de que necessitava para sustê-Lo em Sua obra e para guardá-Lo de cair nas tentações de Satanás. {VJ 79.1}
Depois de haver celebrado a Páscoa com Seus discípulos, Jesus foi com eles ao jardim do Getsêmani, onde costumava orar. À medida que caminhava, conversava com eles e os ensinava, mas quando se aproximaram do jardim, tornou-Se estranhamente silencioso. {VJ 79.2}
Durante toda a Sua vida, Jesus estivera em comunhão com o Pai. O Espírito de Deus havia sido Seu guia e apoio constantes. Por todas as obras que havia feito, sempre glorificara o Pai, dizendo: “Eu nada posso fazer de Mim mesmo.” João 5:30. {VJ 79.3}
Nada podemos fazer por nós mesmos. Somente quando confiamos em Cristo, podemos vencer e fazer Sua vontade na Terra. Devemos ter a mesma confiança simples e infantil que Jesus tinha em Seu Pai. Cristo disse: “Sem Mim nada podeis fazer.” João 15:5. {VJ 79.4}
A terrível noite de agonia para o Salvador começou quando Se aproximou do jardim. Parecia que a presença de Deus, que até então O sustentara, não mais O acompanhava. Começou a sentir o que significa separar-Se do Pai. {VJ 80.1}
Cristo deveria tomar sobre Si os pecados do mundo e, quando foram colocados sobre Ele, parecia mais do que podia suportar. A culpa do pecado era tão terrível que foi tentado a pensar que Deus não mais O amava. {VJ 80.2}
Quando sentiu a enorme aversão de Deus ao pecado, deixou escapar essas palavras: “A minha alma está profundamente triste até à morte.” Mateus 26:38. {VJ 80.3}
Jesus deixou os discípulos próximo à entrada do jardim, exceto Pedro, Tiago e João, com os quais entrou no horto. Eram eles Seus mais sinceros discípulos e os companheiros mais chegados. Mas não podia suportar que eles testemunhassem Sua intensa agonia. Disse-lhes: “Ficai aqui e vigiai comigo.” Mateus 26:38. {VJ 80.4}
Caminhou alguns passos adiante e caiu prostrado no chão. Sentia que o peso do pecado O separava do Pai. Tinha diante de Si um abismo tão grande, tão profundo, tão tenebroso que tremia diante dele. {VJ 80.5}
Cristo não sofria por Seus pecados, mas pelos pecados do mundo. Sentia o desagrado de Deus contra o pecado como o pecador sentirá no grande dia do juízo. {VJ 80.6}
Em Sua agonia, Cristo Se agarrou ao solo frio. De Seus lábios pálidos ouviu-se o grito amargo: “Meu Pai, se possível, passe de Mim este cálice! Todavia, não seja como Eu quero, e sim como Tu queres.” Mateus 26:39. {VJ 80.7}
Durante uma hora, Cristo suportou sozinho aquela terrível angústia. Então foi até os discípulos, ansioso por receber uma palavra de simpatia. Mas nenhuma simpatia se manifestou, pois eles estavam dormindo. Despertaram ao som de Sua voz, mas quase não O reconheceram, pois a aflição havia alterado a expressão de Seu rosto. Dirigindo-Se a Pedro, perguntou: “Simão, tu dormes? Não pudeste vigiar nem uma hora?” Marcos 14:37. {VJ 80.8}
Pouco antes de irem ao jardim, Cristo disse aos discípulos: “Todos vós vos escandalizareis.” Marcos 14:27. Eles então Lhe asseguraram com veemência que iriam com Jesus à prisão e à morte. E o pobre e auto-suficiente Pedro, cheio de confiança, acrescentou: “Ainda que todos se escandalizem, eu, jamais!” Marcos 14:29. {VJ 80.9}
Mas os discípulos confiavam em si mesmos. Não olharam para o poderoso Ajudador como Cristo lhes aconselhara a fazer; e quando Ele Se encontrava na hora de maior necessidade, precisando de solidariedade e orações, eles dormiam. Até Pedro dormiu. {VJ 80.10}
E João, o discípulo amado que costumava se reclinar no peito de Jesus, também dormia. Seguramente a afeição que João sentia pelo Mestre deveria mantê-lo acordado. Suas orações mais fervorosas deveriam ter-se unido às do Mestre naquele momento de extrema aflição. O Redentor passara noites inteiras orando por Seus discípulos para que sua fé não vacilasse na hora da provação. Mas eles não puderam ficar acordados com o Mestre uma hora sequer. {VJ 80.11}
Se Jesus tivesse agora perguntado a Tiago e a João: “Podeis vós beber o cálice que Eu bebo ou receber o batismo com que Eu sou batizado?” (Marcos 10:38) eles não teriam respondido tão prontamente: “Sim, podemos.” {VJ 81.1}
O coração do Salvador se encheu de compaixão e simpatia diante da fraqueza de Seus discípulos. Temia que eles não suportassem a prova que Seu sofrimento e morte lhes traria. {VJ 81.2}
Ele, entretanto, não os reprovou por causa de suas fraquezas. Pensou nas provas que teriam diante de si e disse: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação.” Com bondade, desculpou-lhes a falta cometida para com Ele, dizendo: “O espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.” Mateus 26:41. Que exemplo de ternura e piedoso amor o Salvador nos deu! {VJ 81.3}
Outra vez uma angústia insuportável se apossou dEle. Exausto e no limite de Suas forças, cambaleou de volta ao local onde antes havia orado e suplicou ao Céu: {VJ 81.4}
“Meu Pai, se não é possível passar de Mim este cálice sem que Eu o beba, faça-se a Tua vontade.” Mateus 26:42. {VJ 81.5}
A agonia provocada por essa oração fez com que gotas de sangue fluíssem de Seus poros. Outra vez buscou os discípulos, desejando encontrar conforto e simpatia, e novamente achou-os dormindo. A presença do Mestre os despertou e quando olharam Seu rosto, sentiram medo, pois viram nele manchas de sangue. Não compreendiam a extensão da angústia mental que Sua face expressava. {VJ 81.6}
Pela terceira vez buscou o lugar da oração. Terror e trevas profundas invadiram-Lhe a alma, pois não sentiu a presença de Seu Pai. Sem isso, temia que, em Sua natureza humana, não poderia resistir ao duro teste. Pela terceira vez, Ele repete a mesma oração. Os anjos anseiam vir em Seu socorro, mas não lhes é permitido. O Filho de Deus deve beber essa taça ou o mundo se perderá para sempre. Ele vê a fraqueza do homem e o poder do pecado. O sofrimento de um mundo condenado se descortina em Sua mente. {VJ 81.7}
Então toma a decisão definitiva: salvará o homem a qualquer custo. Ele deixou as cortes celestes onde tudo era pureza, felicidade e glória, para salvar a única ovelha que se perdera, o único dentre os mundos criados que caíra em pecado, e não abandonaria Seu propósito. Sua prece agora transpira apenas submissão: {VJ 81.8}
“Meu Pai, se não é possível passar de Mim este cálice sem que Eu o beba, faça-Se a Tua vontade.” Mateus 26:42. {VJ 81.9}
A divindade sofre
O Salvador cai desfalecido ao solo. Nenhum discípulo se encontra ali para ampará-Lo, para erguer ternamente Sua cabeça e banhar aquele rosto tão pálido pelo sofrimento. Cristo está completamente só. {VJ 83.1}
Mas Deus sofre com Seu Filho. Anjos contemplam-Lhe a agonia e no Céu se faz completo silêncio. Não se ouve nenhum som de harpa. Pudessem os homens perceber o espanto dos anjos celestes, ao contemplarem com mudo pesar o Pai retirando de Seu amado Filho os raios de luz, amor e glória, então compreenderiam melhor quão ofensivo é o pecado à vista de Deus. {VJ 83.2}
Um poderoso anjo desce do Céu para confortá-Lo. Ergue a cabeça do divino Sofredor, apoiando-a em seu peito e aponta para o Céu. Diz-Lhe que havia vencido a Satanás e, como resultado, milhões estariam com Ele em Seu reino de glória. {VJ 83.3}
O rosto do Salvador, manchado de sangue, reflete agora a paz celestial. Ele suportou o que nenhum ser humano poderia suportar. Experimentou a agonia da morte no lugar de cada pecador. {VJ 83.4}
Outra vez procurou os discípulos e encontrou-os dormindo. Tivessem eles permanecido despertos vigiando e orando com o Salvador, teriam recebido forças para suportar a prova que os aguardava. Perdendo aquela oportunidade, não tiveram forças na hora da necessidade. {VJ 83.5}
Olhando-os com tristeza, Cristo disse: “Ainda dormis e repousais! Eis que é chegada a hora, e o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos de pecadores.” Mateus 26:45. {VJ 83.6}
Falava Ele ainda, quando se ouviram os passos da turba que se aproximava em Sua busca. Voltando-se para os discípulos disse: “Levantai-vos, vamos! Eis que o traidor se aproxima.” Mateus 26:46. {VJ 83.7}
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