domingo, 26 de fevereiro de 2017
3.6. Vida de Jesus - A Paixão de Cristo - Ressurreição e Vitória
Ao entregar Sua preciosa vida, Cristo não teve a alegria do triunfo para animá-Lo. Seu coração estava oprimido pela angústia e ferido pela tristeza. Mas não era o medo da morte a causa do Seu sofrimento, e sim o peso esmagador do pecado do mundo que O separava do amor de Seu Pai. Isso foi o que quebrantou o coração do Salvador, a tal ponto que determinou Sua morte antes do tempo previsto. {VJ 111.1}
Cristo sentiu a angústia que os pecadores hão de sentir quando tiverem consciência de sua culpa e reconhecerem estar para sempre excluídos da paz e da alegria do Céu. {VJ 111.2}
Os anjos contemplam com assombro a intensa agonia do Filho de Deus. Sua angústia mental é tão intensa que quase não sente os sofrimentos da cruz. {VJ 111.3}
A própria natureza se envolveu com aquela cena. O Sol, que até o meio-dia havia brilhado no firmamento, de repente negou seu brilho; em volta da cruz, tudo ficou mergulhado em trevas, como se fosse a hora mais escura da noite. Essa escuridão sobrenatural durou três horas completas. {VJ 112.1}
Um terror indescritível se apossou da multidão. As zombarias e insultos cessaram completamente. Homens, mulheres e crianças caíram por terra cheios de pavor. {VJ 112.2}
Relâmpagos ocasionais iluminavam a cruz e o Salvador crucificado. Todos julgavam que sua hora de retribuição havia chegado. {VJ 112.3}
À hora nona, as trevas se dissiparam de sobre o povo, mas ainda envolviam o Salvador como um manto. Raios flamejantes pareciam arremessar-se sobre Ele, ali pendurado na cruz. Foi então que exclamou em um grito desesperado: {VJ 112.4}
“Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?” Mateus 27:46. {VJ 112.5}
Nesse momento, a escuridão caiu sobre Jerusalém e as planícies da Judéia. Todos os olhos se voltaram para a cidade condenada e viram os raios ameaçadores da ira de Deus sendo arrojados contra ela. {VJ 112.6}
De repente, a sombra sobre a cruz se dissipou, e com voz clara e poderosa que parecia ressoar por toda a criação, Jesus exclamou: {VJ 112.7}
“Está consumado!” João 19:30. “Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito!” Lucas 23:46. {VJ 112.8}
Uma luz inundou a cruz e o rosto do Salvador se tornou tão brilhante como o Sol. Depois, curvando a cabeça sobre o peito, expirou. {VJ 112.9}
A multidão ao redor da cruz ficou paralisada e com a respiração suspensa contemplava o Salvador. Outra vez, as trevas baixaram sobre a Terra e se ouviu um estrondo como um poderoso trovão acompanhado de um terremoto. {VJ 112.10}
As pessoas foram lançadas umas sobre as outras pelo terremoto. Seguiu-se a mais terrível confusão. Nas montanhas vizinhas, as rochas se fenderam precipitando-se penhasco abaixo. Os túmulos se abriram lançando de si seus mortos. Parecia que toda a Criação estava se partindo aos pedaços. Sacerdotes, príncipes, soldados e o povo, mudos de terror, jaziam prostrados ao solo. {VJ 112.11}
No sepulcro
O Salvador havia sido condenado por crime de conspiração contra o governo romano. Pessoas que eram executadas por esse motivo tinham que ser sepultadas à parte, em um local destinado a tais criminosos. {VJ 112.12}
João, o discípulo amado, estremeceu ante a idéia de que o corpo de seu amado Mestre pudesse ser levado pelos insensíveis soldados romanos e sepultado em um lugar de desonra. Mas ele não podia evitar isso e tampouco tinha alguma influência junto a Pilatos. {VJ 112.13}
Nesse momento de indecisão, Nicodemos e José de Arimatéia, homens ricos e de influência, vieram para ajudar os discípulos. Ambos eram membros do Sinédrio e conhecidos de Pilatos e decidiram que o Salvador seria sepultado com as devidas honras. {VJ 112.14}
José foi à presença de Pilatos e pediu corajosamente o corpo de Jesus. Pilatos, depois de haver se informado de que Jesus estava realmente morto, concedeu-lhe o pedido. {VJ 112.15}
Enquanto José foi conversar com Pilatos, Nicodemos fez os preparativos para o sepultamento. Era* costume, na época, embalsamar o corpo com ungüentos preciosos e especiarias, e envolvê-lo com lençóis de linho. Assim, Nicodemos trouxe cerca de cinqüenta quilos de um preparado de mirra e aloés, muito caro, para o corpo de Jesus. {VJ 112.16}
Nem a pessoa mais honrada de Jerusalém poderia receber maior respeito e honra em sua morte. Os humildes seguidores de Cristo ficaram maravilhados ao ver o interesse demonstrado por esses príncipes ricos no sepultamento de seu Mestre. {VJ 113.1}
Homenagens póstumas
Oprimidos pela tristeza, os discípulos se esqueceram de que Jesus predissera aqueles acontecimentos. Estavam sem esperança. Nem José, nem Nicodemos aceitaram a Jesus como Salvador abertamente enquanto Ele vivia, mas tinham ouvido Seus ensinos e acompanharam bem de perto cada passo de Seu ministério. Embora os discípulos tivessem esquecido as palavras do Salvador acerca de Sua morte, José e Nicodemos se lembravam muito bem delas. E as cenas ligadas com a morte de Jesus, que desanimaram os discípulos e abalaram sua fé, foram para esses líderes a prova incontestável de que Jesus era o Messias, levando-os a tomar uma posição firme ao Seu lado. {VJ 113.2}
O apoio desses homens ricos e honrados foi extremamente oportuno naquela ocasião. Eles podiam fazer por seu Mestre morto o que era impossível aos pobres discípulos. {VJ 113.3}
Com delicadeza e reverência, removeram da cruz, com as próprias mãos, o corpo de Cristo. Lágrimas de compaixão fluíam livremente ao contemplarem o corpo ferido e dilacerado do Mestre. {VJ 113.4}
José possuía um sepulcro novo, talhado na rocha. Ele o havia construído para seu próprio uso, mas agora o destinara a Jesus. O corpo, com as especiarias trazidas por Nicodemos, foi cuidadosamente envolto em um lençol de linho e o Redentor foi levado à sepultura. {VJ 113.5}
Embora os príncipes do povo tivessem conseguido a morte de Cristo, não podiam ficar tranqüilos. Conheciam muito bem o Seu grande poder. {VJ 113.6}
Alguns deles estiveram presentes no túmulo de Lázaro quando Jesus o chamou de volta à vida e tremiam ao pensar que Cristo poderia ressuscitar dos mortos e aparecer diante deles. {VJ 113.7}
Tinham ouvido Jesus dizer à multidão que estava em Seu poder depor Sua vida e reavê-la e lembraram-se de Suas palavras: “Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei.” João 2:19. E sabiam que Ele Se referia a Seu próprio corpo. {VJ 113.8}
Judas lhes havia dito que em sua última viagem a Jerusalém, Ele teria dito: {VJ 113.9}
“Eis que subimos para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas. Eles O condenarão à morte. E O entregarão aos gentios para ser escarnecido, açoitado e crucificado; mas, ao terceiro dia, ressurgirá.” Mateus 20:18, 19. {VJ 113.10}
Recordavam-se agora de muitas coisas que Ele havia dito, predizendo Sua ressurreição, e por mais que quisessem não conseguiam se livrar das apreensões. Como seu pai, o diabo, acreditavam e tremiam. {VJ 113.11}
Todas as coisas confirmavam que Jesus era o Filho de Deus. À noite, não conseguiam dormir e viviam, agora que Jesus estava morto, mais preocupados com Ele do que quando estava vivo.* {VJ 113.12}
Decididos a fazer tudo o que pudessem para reter Jesus no túmulo, pediram a Pilatos para selar e guardar o sepulcro até o terceiro dia. Pilatos enviou uma guarda à disposição dos sacerdotes, e disse: {VJ 114.1}
“Aí tendes uma escolta; ide e guardai o sepulcro como bem vos parecer. Indo eles, montaram guarda ao sepulcro, selando a pedra e deixando ali a escolta.” Mateus 27:65, 66. {VJ 114.2}
Ressuscitou!
A entrada do sepulcro havia sido fechada com uma grande pedra e foi guardada com a máxima segurança. O selo do império romano fora colocado de tal maneira que a pedra não poderia ser removida sem rompê-lo. {VJ 114.3}
Uma escolta de soldados romanos montava guarda ao redor, mantendo estrita vigilância para que o corpo não fosse molestado. Alguns guardas rondavam constantemente enquanto outros descansavam no chão. {VJ 114.4}
Havia, porém, outra guarda perto do túmulo. Anjos poderosos, enviados do Céu, estavam ali. Apenas um desses anjos tinha força suficiente para destruir todo o exército romano. {VJ 114.5}
A noite que precedeu a manhã do primeiro dia da semana se arrastou lentamente, e se aproximou a hora mais escura, antes do alvorecer. {VJ 114.6}
Um dos mais poderosos anjos do Céu foi enviado. Seu rosto brilhava como um relâmpago e suas vestes eram brancas como a neve. As trevas fugiam à sua passagem e o céu inteiro foi iluminado com o brilho de sua glória. {VJ 114.7}
Os soldados adormecidos despertaram e se colocaram em posição de sentido. Com assombro e admiração olharam o céu aberto e a visão resplandecente que deles se aproximava. {VJ 114.8}
A terra tremia e arquejava à aproximação do poderoso ser celestial. O anjo veio para cumprir uma missão gloriosa e a velocidade e o poder de seu vôo sacudiram a terra em forte comoção. Soldados, oficiais e sentinelas caíram por terra como mortos. {VJ 114.9}
Havia ainda outra guarda presente na entrada do sepulcro formada por espíritos maus. Cristo estava morto e Satanás, como dono do império da morte, exigia para si o corpo sem vida de Jesus. {VJ 114.10}
Os anjos de Satanás estavam presentes para se certificar de que nenhum poder poderia arrebatar Jesus de seu domínio. Mas quando o mensageiro poderoso, enviado do trono de Deus, se aproximou, eles fugiram de terror ante aquela visão. {VJ 114.11}
Ressurgindo vitorioso
O anjo rolou a grande pedra que selava o túmulo como se fosse um seixo e, com voz poderosa que fez a terra tremer, bradou: {VJ 114.12}
“Jesus, Filho de Deus, Teu Pai Te chama!” {VJ 114.13}
Então Aquele que conquistara o poder sobre a morte, saiu do sepulcro triunfante e proclamou: “Eu sou a ressurreição e a vida.” João 11:25. A hoste de anjos se curvou em reverente adoração diante do Redentor e o receberam com cânticos de louvor. Ao ressurgir, a terra estremeceu, raios faiscaram e trovões ribombaram. Um terremoto assinalou a hora em que Jesus depôs Sua vida. Outro terremoto marcou o momento de Sua triunfante ressurreição. {VJ 114.14}
Satanás ficou muito irado porque seus anjos fugiram à aproximação dos mensageiros celestiais. Ele ousara acalentar a esperança de que Cristo não tornaria à vida e que o plano da salvação fracassaria. Mas quando viu o Salvador sair do túmulo triunfante, perdeu completamente a esperança. Sabia que seu reino teria fim e que finalmente seria destruído. {VJ 114.15}
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